*Enviado-especial ao Euro 2016

Fernando Santos reconhece estar ansioso, com «o coração a bater normalmente» e «desejoso de participar rapidamente neste Europeu». O selecionador nacional lembra que «quando se começa a ver a outras seleções a jogar existe um desejo enorme de também começar a jogar», algo que «é natural e acontece sempre, apesar da experiência» de todos.

«Vamos defrontar uma grande equipa, muito bem organizada por um excelente treinador e que sabe gerir todos os momentos do jogo. É uma equipa fria, pragmática, e já no apuramento para o Mundial o mostrava. Tem um estilo de jogo muito equilibrado, mas acredito que a minha equipa pode pôr em campo toda a sua capacidade organizativa e criativa. Acredito que a minha equipa pode levar de vencida esta Islândia num Campeonato da Europa muito equilibrado, em que ser terceiro torna os jogos ainda mais apertados», afirmou, antes de garantir: «Analisámos bem a Islândia, sabemos detalhadamente as características dos jogadores, e a leitura estratégica do meu colega [Lars Lagerback].»

O técnico português não quis aprofundar a informação sobre como a equipa das quinas vai entrar em campo amanhã. «Não vou dizer a estratégia, seria como entregar ouro ao bandido. Sei que a equipa vai fazer tudo para vencer. Há que atacar, fazer golos e defender bem. Se defendermos bem, e no ataque tivermos capacidade, velocidade e dinâmica podemos marcar. Queremos fazer golos. Mas virá no momento que vier e se der para a vitória chega.»

Santos não poupou nos elogios, aliás parece completamente afastado o cenário de Portugal entrar em campo a menosprezar o seu adversário: «Todos os jogadores da Islândia são competentes, sabem o que querem. Observei mais de 10 jogos da Islândia. Mostram competência, dinâmica, concentração, têm valores muito fortes individualmente. Têm coisas mais positivas outras menos, tenho uma opinião subjetiva porque é a mínima, não a vou revelar. Revelei aos meus jogadores.»

O selecionador desvalorizou também a questão do ponta de lança. «Vamos jogar em 4x4x2, 4x3x3, 3x4x3… O jogo vai dizer o que temos de fazer. É uma falsa questão, embora a entenda. O fundamental é a dinâmica, temos de ser dinâmicos de forma criar a criar situações de golo e termos jogadores suficientes na frente para podermos concretizá-los. Ronaldo tem 50 golos e não é avançado. Se é pelo número de golos então o melhor avançado centro é Ronaldo», explicou.

O responsável garantiu ainda que a Seleção está preparada para qualquer eventualidade. E, por muito que Lagerback se esforce, não será fácil apanhar Portugal desprevenido: «Algo surpreendente pode haver sempre. Muitas vezes nós treinadores tentamos surpreender um pouco. Agora, uma seleção que tem um trabalho de quatro anos, que jogou o play-off do Mundial tal como nós e a Grécia, onde eu estava na altura, também fizemos, e depois fez este percurso fantástico, não pode mudar radicalmente de um momento para o outro. Cada treinador tem a sua matriz, e os jogadores também evoluem segundo essa matriz, mas poderá haver um ou outro detalhe com que não estamos a contar, embora tenhamos tentado preparar-nos.»

Fernando Santos também rejeitou a comparação com a Seleção do último Mundial: «São equipas diferentes, uma no Mundial outra na Europa, mais calor, uma com mais calor outra com menos calor, não podemos comparar. Houve 1984, 1966, os jogadores não são iguais. Estou mais centrado no que fazer amanhã, o passado para nós não conta. Há cinco dias ganhámos à Estónia, mas o que está para trás não interessa. Interessa o presente, e amanhã pôr em campo a nossa capacidade, porque é amanhã que vamos construir um futuro melhor.»

O apoio incontornável dos adeptos desde que a comitiva pisou solo francês não foi obviamente esquecido. «Todos têm consciência da importância dos adeptos, do público, porque é nesses momentos que os jogadores vão buscar o reforço das energias. Quando se está a ganhar por muitos não é tão necessário. Mas as manifestações de apoio no centro de estádio, no hotel, durante o jogo, aumentam-nos a energia, ajudando-os a colocá-la cá para fora», sublinhou.

Fernando Santos concluiu garantiu que os objectivos traçados não vão mudar consoante o resultado dos rivais. «A minha confiança e o que traçámos não vem melhorando ou piorando consoante o que fazem os nossos adversários. Acredito no que esta Seleção fez no apuramento e agora na fase final vamos estar juntos bem organizados, com muita criatividade, e acredito no objetivo que traçámos.»