O selecionador nacional de Portugal, Fernando Santos, deixou este domingo a crença de que, se houver uma final entre Portugal e Alemanha no Euro 2020, a equipa das quinas vai ganhar esse duelo.

O técnico luso falou, este domingo, numa conversa informal com os jornalistas, do que correu bem e menos bem na derrota por 4-2 com os germânicos, na segunda jornada do grupo F.

«Acredito que, se houver uma final Portugal-Alemanha, Portugal ganha», disse Fernando Santos, deixando, porém, a ideia de que a equipa comandada por Joachim Löw foi melhor no último jogo e que Portugal devia ter defendido com cinco homens, como era o plano inicial.

«Faltou um homem junto dos centrais, para que não tivéssemos de enfrentar situações de cinco para quatro. Era esse o plano. Por isso, inverti o triângulo do meio-campo», afirmou o selecionador, deixando a ideia de que seria Danilo a estar mais próximo dos centrais, em vez de haver um ala a fechar mais atrás.

O técnico rejeita portanto que tenha sido a linha defensiva a responsável pelo desposicionamento da equipa, considerando que Nélson Semedo terá sido exposto demasiadas vezes a situações de dois para um.

«Eu joguei a lateral e sei o que estou a dizer. Se estivéssemos cinco para cinco, o lateral não teria de fechar tanto por dentro. Agora, em situações de inferioridade, o que manda a lei é fechares a tua baliza», salientou, revelando que tem algumas fotografias desses momentos para mostrar aos jogadores e refletirem sobre o jogo.

«Sempre me pareceu que era importante defender com cinco, perante a forma como a Alemanha jogava. Há um modelo que nunca utilizei, mas que encaixava bem neste jogo: jogar três centrais. Nunca fizemos isso. Sempre que procuramos algo parecido, utilizamos um dos médios a jogar à frente da linha defensiva. Neste jogo, em ação defensiva, defendíamos num 4-1-4-1 para não desgastar os nossos alas, que ficavam à vez cada um com o Cristiano. Agora, algumas vezes afundámos demais e defendemos com seis homens. E aí tínhamos 60 ou 70 metros pela frente para contra-atacar.»

Fernando Santos, que pela primeira vez sofreu quatro golos nos mais de 80 jogos em que orientou a Seleção, reconhece que a mensagem não terá passado bem aos jogadores e lamentou a falta de agressividade: «Não houve faltas. A Alemanha fez 15, Portugal fez cinco. Até aos 72m Portugal tinha feito duas faltas. Não podes permitir que joguem como querem e troquem a bola.»

O selecionador nacional esclareceu também que o que procurou dizer após o jogo é que Portugal não é favorito a jogar em casa da Alemanha. E usou o exemplo inverso.

«Se a Alemanha jogar em Portugal é favorita? Não, não é», assinalou, apontando depois o exemplo da seleção francesa, que «desde que perdeu o Euro 2016 para Portugal, tem sido uma equipa super pragmática».

Sobre o estado de espírito da Seleção, o técnico revelou que logo a seguir ao jogo [com a Alemanha] «o mar estava muito encapelado, e a barca vinha com muita azia», sublinhando o momento de abatimento, que foi passando ao longo do dia.

«Desde o jogo até cá não sei se alguém falou pelo caminho. O jantar foi calmo. São jogadores que sabem como isto custa. Nesse aspeto anímico, a derrota deixa uma marca pesada. Agora, temos jogadores experientes, que estão habituados a isto, e a juventude reage mais rápido à passagem a isto, que é como aquelas tempestades nos barcos. Aquilo vai, mas começa a acalmar. Senti que a equipa está a voltar ao seu normal.»