Situada num beco junto à margem do movimento da comercial Vaci utca, no centro de Budapeste, quase passa despercebida esta autêntica relíquia para os amantes do futebol retro.

Na minúscula «Derby Football Shop» o meio lojista, meio colecionador Balint Acs junta centenas de galhardetes, cachecóis e pins e todo o tipo de memorabilia.

Espreitamos, até dar de frente com emblemas da Federação Portuguesa de Futebol, Benfica, FC Porto, Sporting, Sp. Braga… E houve tempos em que artigos de clubes portugueses menos famosos figuravam nos escaparates.

Como é que isto aconteceu?

«O meu pai colecionava galhardetes e isto inicialmente era um local de exposição, mas toda a gente que passava por cá queria comprar. Por isso, transformámos isto numa loja. Outros colecionadores procuram-nos e temos alguns portugueses que passam por cá. Sei que FC Porto, Sporting, Benfica são os mais conhecidos. Já tive pins e galhardetes de outros clubes portugueses, mas esses são mais difíceis de encontrar», contou Balint Acs, que em Portugal tem um fraquinho por «aquele dos quadrados pretos e brancos»: «Boavista? É isso! Aquelas camisolas são incríveis.»

«Sabes que trabalho ao lado do estádio deles?», anoto, conversando entre galhardetes raros do Milan, dos anos 70, de clubes ingleses da década de 80, e, claro, tudo sobre Puskás: «É uma figura maior no futebol húngaro, mas há também alguns adeptos do Barcelona que procuram por artigos com referências ao Kubala.»

Para mim, era como uma loja de brinquedos.

Detive-me nos pins. Comecei por pensar comprar um, acabei por trazer seis, um de oferta: seleção da Hungria e cinco clubes de Budapeste – Ferencváros, Újpest, Vasas, Honvéd e MTK.

Precisasse Fernando Santos de levar um souvenir da Hungria, de onde a Seleção se despede este sábado, eu dir-lhe-ia para conhecer a loja de Balint.

Meia-dúzia de pins não ocupam quase espaço nenhum na bagagem.

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«O Caderno de Puskás» é um espaço de crónica dos jornalistas Sérgio Pires e Vítor Maia, enviados especiais do Maisfutebol ao Euro 2020.