Fernando Santos, selecionador nacional, em declarações na sala de imprensa da Aréna Puskás, em Budapeste, após a vitória portuguesa frente à Hungria (3-0), da primeira jornada do grupo F do Euro 2020:

«O golo está caro. Fica sempre a sensação de que podemos marcar muitos golos. Mas normalmente, os resultados dos jogos são 1-0, 2-0 ou 3-0 no máximo. As equipas defendem cada vez melhor e é preciso encontrar espaços. Portugal fez um jogo muito bom e penso que a vitória é justa, justíssima. 

A primeira parte foi muito bem conseguida em todos os momentos. Procurámos ter variação no nosso jogo, entrar no bloco contrário. Poderíamos ter aproveitado mais a profundidade, tentámos fazê-lo em segurança e com controlo. Dos jogos que vi, a Hungria jogava mais subida e conseguia sair a jogar de trás com mais qualidade. Hoje não o conseguiu por responsabilidade de Portugal. A Hungria defendeu praticamente nos últimos 30 metros. Nunca tiveram a possibilidade de executar bem a saída do guarda-redes que tanto gostam.

Criámos quatro ocasiões de golo muito boas. O golo era fundamental. Quando o adversário se remete junto da sua área, é importante marcar. Faltou isso na primeira aparte. Ao intervalo disse aos jogadores para manterem o coração e a cabeça a funcionar e fiz um ou outro ajuste. 

Houve um período dos cinco aos dez minutos de ansiedade. O tempo avançava e queríamos ganhar. Quando é assim, a ansiedade entra e o adversário conseguiu sair em contra-ataque. Depois a equipa serenou, pegou na bola e voltou a circulá-la. Fizemos alterações para aumentar o ritmo. Colocámos o Ronaldo mais à esquerda para libertar o Raphael [Guerreiro]. O Jota fez um excelente jogo, mas estava a cair muito na esquerda e aproveitámos o Ronaldo ali. Umas vezes corre bem, outras vezes não tão bem.

Quem jogou e quem entrou esteve muito bem. Foi uma vitória justa. São três pontos e nada mais. É uma fase de grupos, é importante superá-la para depois entrarmos no mata-mata como dizia o Scolari. 

Excesso de cruzamentos? Os cruzamentos por baixo faziam parte da estratégia. A estratégia era procurar antes de chegar à linha ou depois de chegar à linha, cruzar rasteiro de forma atrasada ou para o espaço entre o guarda-redes e a linha defensiva. Foi assim que criámos duas excelentes oportunidades. Quando jogas contra uma equipa que está tão recuada, voltas a circular para trás, há um momento em que vai haver cruzamentos. Procurámos muito o Cristiano, mas eles metiam sempre dois ou três jogadores lá. A estratégia não era cruzar, cruzar, cruzar, mas sim encontrar outros espaços.

A primeira parte foi de bom nível. A equipa controlou perfeitamente o jogo. Na segunda parte, houve alguma ansiedade e a algumas perdas de bola que permitiram que ao adversário situações perigosas de contra-ataque. A equipa procurou o caminho e conseguiu a solução. Fez o 1-0 e desbloqueou o jogo. A partir daí, a Hungria abriu-se muito e apareceram os espaços para a criatividade dos nossos jogadores.»