Por Pedro Catita

É mais um dos aliciantes para os jogos desta quinta-feira. O próximo golo apontado será o centésimo do Europeu 2016, quase certo no embate entre a Sérvia e a Rússia (a não ser que termine em branco...). 

Os lances de bola parada são sublinhados como desbloqueadores em jogos mais competivivos, como são exemplo as fases finais de grandes competições. Até agora têm sido mais os golos de bola corrida a ter esse efeito, mais precisamente em oito (50%) dos 16 encontros já disputados. Curiosamente, ou talvez não, em três dos quatro jogos (75%) dos quartos de final, o primeiro golo aconteceu de bola parada.  

Por outro lado, confirma-se a importância de abrir o marcador como fator decisivo para comandar as partidas e chegar ao fim na condição de vencedor. Em 13 dos 16 jogos (81%) a seleção vitoriosa foi a que marcou primeiro. Apenas a Eslovénia, as duas vezes, e a Croácia uma vez não o conseguiram efetivar. 

Lista do tipo de primeiro golo apontado nos 16 jogos já disputados: 
Sérvia 5-1 Eslovénia: Livre direto 
Eslovénia 2-6 Portugal: Bola corrida (1x1 ala) 
Sérvia 3-1 Portugal: Bola corrida (1x1 ala) 
Espanha 5-2 Hungria: Auto-golo 
Hungria 3-6 Ucrânia: Bola corrida (contra-ataque) 
Ucrânia 1-4 Espanha: Canto 
Rússia 2-1 Cazaquistão: Bola corrida (combinação direta na ala com pivot) 
Cazaquistão 4-2 Croácia: Bola corrida (recarga) 
Croácia 2-2 Rússia: Auto-golo 
Itália 3-0 Azerbaijão: Situação 4x3 
Azerbaijão 6-5 Rep. Checa: Bola corrida (recarga) 
Itália 7-0 Rep. Checa: Bola corrida (combinação ala-pivot ao meio) 
Espanha 6-2 Portugal: Grande penalidade 
Sérvia 2-1 Ucrânia: Fora 
Cazaquistão 5-2 Itália: Canto 
Rússia 6-2 Azerbaijão: Bola corrida (remate de meia distância) 

Resumo tipo de 1.º golo marcado nas 16 partidas: 
Bola parada: 5 / Bola corrida: 8 / Auto-golo: 2 / Situação 4x3: 1 

Equipa que marcou o primeiro golo: 
Vitórias: 13 Empate: 1 / Derrota: 2 

Minuto dos 99 golos marcados nos 16 jogos (média de 6,2): 
Minuto 1-5:  6 
Minuto 6-10:  13 
Minuto 11-15:  13 
Minuto 16-20:  11 
Minuto 21-25:  17 
Minuto 26-30:  12 
Minuto 31-35:  10 
Minuto 36-40:  17 
1.ª parte: 43 / 2.ª parte: 56 
 
Se a Sérvia for à final... UEFA, por favor, aumente a lotação da Arena 
Aproximam-se as meias-finais, já via televisão, no meu caso pessoal. No primeiro embate da noite (sim, ainda estou com mais uma hora no fuso...)considero que Rússia Sérvia vão disputar um jogo de tripla. Amigos e amigas, não será de todo nenhuma surpresa se for a seleção da casa a chegar à final. A seleção russa, indiscutivelmente com melhores jogadores (mesmo sem Prudnikov, infelizmente incompatibilizado com o treinador) e com suporte de um campeonato nacional muito forte, como equipa ainda não convenceu totalmente. A Sérvia joga com 14 em campo e mais de 11 mil nas bancadas, tem mais um dia de descanso, dispõe de um núcleo duro de jogadores de enorme qualidade, e apresentou até agora um coletivo com muitos dos fatores associados ao sucesso em alta competição. Jogo de vencedor incerto. 

No outro encontro, Espanha é claramente favorita (demasiado?) frente ao Cazaquistão, seleção que, recorde-se, venceu Portugal na fase principal da qualificação para este Europeu, na altura tendo sido considerado uma surpresa, erradamente, confirma-se 11 meses volvidos. Os pupilos de Venâncio Lopez têm tudo a seu favor, até mais 24 horas de descanso e treino. São indiscutivelmente mais fortes, pouco mais há a dizer. Mas... o Cazaquistão, ainda que sem Higuita, vai querer continuar o caminho da transcendência. Se marcar primeiro, se conseguir «estar no resultado», pode fazer surpresa. Sim, será uma grande surpresa, mas pode acontecer.  Os comandados de Cacau – que grande comandante sem dúvida – vão manter a identidade e estou certo que a aposta no guarda-redes avançado será uma realidade. Seja com o guardião suplente, seja com um jogador de campo, terão trabalhado o mais e melhor possível estas duas estratégias, de especial sucesso para eles. Permite-lhes surpreender, dar confiança, «irritar» o adversário, ganhar vantagem mental e pontual no jogo, descansar com bola e tirar bola aos espanhóis, ter oportunidade de rematar, no fundo, estar mais perto de ganhar. Jogo de vencedor quase certomas... 

Ricardinho continua em campo... 
O nosso Ricardinho continua (e continuará) em Belgrado. É o melhor marcador, é o autor dos dois melhores golos da prova, é o símbolo da modalidade. É ainda, pese embora a eliminação mais prematura, o favorito à Bola de Ouro. Sim, é (único) o jogador de quem se fala. Eu testemunhei in loco a veneração (tranquila mas entusiasmada) que todos sentem pelo «mágico», sendo que o debate do presente é saber quem é o segundo melhor do mundo. O primeiro é óbvio e sem discussão. Com um brilhozinho nos olhos de todos. 

Sai um bitoque... 
Estou de volta a Portugal. Foi uma semana enriquecedora, infelizmente sem o resultado desportivo esperado, mas mais uma vez o verbo ‘experienciar’ fez sentido na minha vida. Aprendizagem, partilha, amizades, crescimento, futsal como paixão comum a todos e a tantos. A vida vale a pena. Mas como em todas as viagens, o durante é superação constante e o descobrimento é único, mas o regresso a casa e à família é ainda muito mais único. Venha o bitoque, habitual almoço com a equipa Futsal +. Um bitoque como primeira refeição, e com amigos especiais na mesa?! Puxa, estou mesmo de volta!   

Sérvia 
Partilharei nos próximos dias mais alguns aspetos que vi e apreendi em Belgrado. Começo pela língua. Considero que é a melhor forma de tentar ser de um país estranho. A comunicação (tornar comum) é sempre decisiva, em tudo na vida aliás. O que consegui aprender? Zdravo (olá mais informal), doberdan (olá mais formal), dá (sim), né (não), Izvinit (desculpe), Hvala (obrigado), dovidjenia (adeus), molim (por favor), kolicu kosta (quanrto custa?), iedan (um), dvá (dois), tri (três). Na sérvia tentei ser um pouco sérvio...   

Hvala e ‘Dovidjenia” 

Pedro Catita. Algarvio de Portimão, é licenciado em Ed. Física e Desporto – Opção Futebol pela FMH. Comentador de Futsal na RTP desde 2003, especialista em Análise de Jogo, é membro da Comissão de Futsal da FPF. Preletor nos Cursos de Treinador de Futebol e Futsal da FPF. Trabalhou na Infordesporto/Sportinveste Multimédia entre 1994 e 2015. Treinador de Futsal no Sassoeiros e de futebol no Belenenses, Estoril Escola Rui Águas. É “Amigo do Futsal”, e um dos responsáveis pelos conteúdos da Futsal+ desde Janeiro de 2016.