Rasguem-se tratados, reapreciem-se convenções: o País de Gales não adere ao mercado de desgraça britânica e segue alto, formoso e surpreendente no Euro2016. Em direção a Portugal!

A Bélgica, recheada de artistas e cabeleiras excêntricas, volta a ficar aquém das expetativas numa grande competição de seleções. Privada do talento de Hazard (onde andou Eden desta vez?) e ferida de morte na defesa – ausências de Vermaelen e Vertonghen -, a seleção de Marc Wilmots foi incapaz de segurar uma vantagem madrugadora (golaço de Nainggolan aos 12 minutos) e de controlar a fúria dos homens de Chris Coleman.

FICHA DE JOGO DO PAÍS DE GALES-BÉLGICA

A surpresa, é importante sublinhar, só não é maior porque o País de Gales já se mostrara capaz de fazer frente à Bélgica no passado recente. O empate em Bruxelas e a vitória em Cardiff na fase de qualificação para este mesmo Euro2016 não foram, está visto, meros acidentes ocasionais.

Aaron Ramsey, um dos melhores, não defronta Portugal

Num dos mais espetaculares jogos do torneio, a reação galesa a uma entrada ingénua e desnorteada foi tremenda.

A Bélgica, quiçá entontecida por tamanha superioridade nos primeiros 15 minutos, baixou o ritmo, deixou o País de Gales ter bola, acreditar e… marcar.

E que golos, senhores! Se o cabeceamento de Ashley Williams (30 minutos), o omnipresente capitão galês, justifica os maiores louvores, o que dizer do trabalho absolutamente fantástico de Robson-Kanu no segundo golo galês?

Com um pormenor incrível, o ponta de lança confundiu três belgas e atirou para o fundo da baliza de Courtois. Nesse instante, aos 55 minutos, a Bélgica terá percebido que a seleção galesa estava ali de corpo e alma, disposta a tudo.

Depois, o futebol penalizou quem não fez o que devia numa fase determinante. A Bélgica tentou, claramente, mas surpreendentemente através de um futebol direto e sem coração, desalmado. Um cabeceamento de Fellaini, um cruzamento de Kevin De Bruyne (outra deceção) e pouco mais.

Sólido e venenoso, o País de Gales nem precisou de um Gareth Bale a um nível acima dos colegas para fechar as contas e as dúvidas. Numa transição pela direita, Gunter cruzou para a cabeça do suplente Sam Vokes e a Bélgica partiu-se em mil cacos.

Falta falar em Ramsey e fica mais uma nota importante: o número 10 viu mais um amarelo e é baixa confirmada contra Portugal. O que só pode ser uma boa notícia para Fernando Santos. O defesa Ben Davies é outra baixa confirmada.

Abram bem os olhos: uma representação nacional do País de Gales está nos quartos de final de um Europeu. E não é em râguebi. A História gosta de brincar com as probabilidades. E com as multas de Dean Saunders.