O maior dos duelos da história dos Europeus de futebol sorriu à Itália.

A «squadra azzurra» está na final do Euro 2020, depois de 120 emocionantes minutos e da maior frieza e competência para arrumar a fúria espanhola nas grandes penalidades.

Antes de tudo, este jogo, até mais do que digno de uma meia-final, foi sem dúvida o ensaio de uma final antecipada, no sétimo duelo entre Itália e Espanha nos Europeus, um novo recorde absoluto na prova.

E teve de tudo um pouco. Festa a contrastar com a desilusão, como teria de ser. Dois golos de colegas de equipa na Juventus. Um misto de emoções e de histórias. Altos e baixos.

Foi, por exemplo, da glória à injustiça para Morata e para Dani Olmo, que depois de fabricarem o 1-1 que arrastou o jogo para prolongamento, não converteram os penáltis espanhóis na decisão final.

Foi também a classe de Chiesa. A precisão de Pedri no passe. A qualidade e a alma de Olmo. A eficácia de Morata. E também um gigante Donnarumma antes de Jorginho selar a festa.

A Itália vingou o anterior desempate por penáltis - nos «quartos» do Euro 2008 - mas também a final de 2012 e impôs, pela primeira vez, uma derrota a Espanha nas «meias» de um Euro: tinha levado sempre a melhor nas quatro ocasiões anteriores. Tudo isto para estar nove anos depois de novo na final e pela quarta vez na sua história. Aguarda agora Inglaterra ou Dinamarca, para procurar ser campeã europeia 53 anos depois.

A história deste grande jogo vai da melhor e mais personalizada entrada de Espanha à resposta italiana já perto do intervalo. Do maior equilíbrio na segunda parte, à intensidade constante e às emoções crescentes com o passar do tempo.

Luis Enrique surpreendeu ao deixar pela primeira vez Morata no banco de início, dando a Dani Olmo um papel de «falso nove» que muitas dores de cabeça deu aos médios e aos defesas italianos. Foi um jogaço do médio do Leipzig, que obrigou Donnarumma à primeira grande defesa (25m).

Itália-Espanha: todo o filme do jogo

E se Espanha teve mais bola e mais passes, a Itália, algo submetida à posse contrária, tentou morder em transições rápidas. Chiesa, mas sobretudo Insigne, tentaram o desequilíbrio individual e foi pelo extremo do Nápoles que nasceu, perto do intervalo, uma grande ocasião em que Emerson Palmieri rematou ao poste (45m).

Na segunda parte, Chiesa lá apareceu e para uma maravilha. Golaço ao minuto 60 a bater Unai Simón, num momento imenso que teve resposta 20 minutos depois, pelo recém-entrado Morata, depois de uma grande combinação com Dani Olmo em zona central. O primeiro golo sofrido de bola corrida pela Itália forçava o terceiro prolongamento seguido para Espanha neste Euro 2020. E dava um recorde para o avançado, agora o melhor marcador espanhol em Europeus.

Não teve o desfecho que tivera contra a Suíça e a Croácia. 

Nos penáltis – e já depois de meia-hora extra em que Berardi até viu um golo anulado, Chiesa saiu esgotado e Èric García lesionado – Unai Simón até defendeu a bola de Locatelli, mas Olmo atirou por cima, antes de Belotti, Bonucci e Bernardeschi não vacilarem. Pelo meio, só Moreno e Thiago Alcantara enganaram Donnarumma, que levou Morata de herói a vilão antes de Jorginho, com classe, sentar Unai Simón e atirar Itália para a grande decisão de domingo.