Portugal está na fase final do Campeonato da Europa de 2015. A seleção nacional sub-21 falhara as três edições anteriores da prova mas esta geração tem espaço reservado entre as melhores. 5-4 num duelo eletrizante com a Holanda em Paços de Ferreira, após o triunfo na primeira mão do play-off (0-2). 14 vitórias consecutivas. 

Fica uma nota: por mais treinadores que o digam, o 5-4 não é igual ao 1-0. São resultados como este que garantem a presença de adeptos nas bancadas.   

Agora os sub-21: esta não é uma seleção conversadora, longe disso. Esquece o resultado e privilegia o espetáculo sem o saber, voltada para o futebol no seu estado mais puro, a traquinice do jogo de rua que resiste ao espartilho das academias.

Esta é uma geração que entusiasma pelo seu talento nato, a criatividade e a vocação ofensiva das unidades mais influentes. Não há um elemento que se destaque particularmente, embora Ricardo Pereira tenha subido um patamar para marcar dois golos à vista de Julen Lopetegui, seu treinador no FC Porto. Paulo Bento, antigo selecionador nacional, também assistiu ao encontro.

Mérito coletivo de uma seleção sub-21 com capacidade para encantar 4 mil adeptos em Paços de Ferreira e mais, muitos mais, espalhados pelo país. Tem no seu jogo a desculpável ingenuidade, compensada por incontáveis momentos de bom futebol.

A Holanda, uma laranja pouco mecânica, apresentou-se com um esquema de três defesas, um desenho pouco harmonioso e à medida de uma equipa lusa, repete-se, com rapidez de processos nas transições ofensivas.

Golo marcado, golo sofrido, o espetro de incerteza a arrastar-se sem inquietar verdadeiramente o público. Dominava o sentimento de confiança, a certeza de outro desequilíbrio na frente.

O trabalho de Rui Jorge tem de ser elogiado, muito elogiado. São catorze vitórias consecutivas – incluindo jogos particulares – no currículo. Destaque para os dois triunfos quando o apuramento para o play-off já estava garantido.

O selecionador holandês apostou em Ola John de início, ao contrário do que aconteceu na primeira mão, e seria o extremo do Benfica a provocar grandes dores de cabeça a Ricardo Esgaio. Ao centro, o gigante (e nem por isso tosco) Wout Weghorst ganhava inúmeros duelos a Paulo Oliveira e Rúben Vezo. Jogo partido na Mata Real, com superioridade das duas linhas ofensivas.

Portugal apresentou-se com Tozé no lugar do castigado Rafa e Bernardo Silva surgiu na frente de um triângulo intermediário. Consegue imaginar esta geração com os reforços que andam pela seleção principal? Com William Carvalho, André Gomes e João Mário? Entusiasmo, lá está. 
 
O marcador dançou ao sabor do vento. Primeiro Ruben Vezo na sequência de um livre, depois a torre Weghorts, logo a seguir Rúben Neves a corresponder a um pontapé de canto. A Holanda andou sempre atrás do resultado.

Sem capacidade para baixar o ritmo e ‘adormecer’ o jogo, Portugal foi apresentando falhas na coesão defensiva. José Sá evidenciou-se na reta final da primeira metade sem evitar o 2-2, apontado por Kongolo.

Rui Jorge não estava satisfeito, sentia que a seleção nacional tinha condições para manter o pleno de vitórias. Surgiu então Ricardo Pereira, com dois golos de belo efeito, entre mais uma insuficiente resposta holandesa. Está a acompanhar? 4-3 nesta altura.

Carlos Mané (bela entrada em campo), Iuri Medeiros e Ricardo Horta refrescaram o ataque português e mantiveram o cerco à baliza de Warner Hahn. Seria Bernardo Silva – que grande jogo – a ampliar a vantagem no melhor golo do encontro. Enorme correria ao minuto 87, a queda perante a pressão de Ola John, a insistência e o remate. Um jogador como este merece espaço para ser feliz.

Do outro lado, o interessante Wout Weghorst continuava a incomodar e logrou conquistar uma grande penalidade, convertida por Nathan Ake. 5-4, jogo de loucos e o apuramento garantido.