* Enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos
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Na sala de Bebeto, o Maisfutebol encontra a tranquilidade que o antigo avançado deseja. Só o latido de Robinho, o cão da glória brasileira, aparece aqui e ali na gravação.

Fala-se de Mattheus, claro, médio do Estoril-Praia e filho do antigo internacional brasileiro, e dos traumatizantes 7-1 aplicados pela Alemanha ao Brasil de Scolari em 2014, no Mundial de todos os desgostos.

Na conversa surgem ainda os nomes de Felipe e Alex Telles, reforços brasileiros do FC Porto e bem conhecidos por Bebeto. Aos 52 anos, o campeão do mundo de 1994, autor de 39 golos na canarinha, mantém a simpatia e a simplicidade de sempre.

Uma entrevista em tom informal, solta, dentro de um condomínio de luxo na Barra da Tijuca.

Que avaliação faz da época do Mattheus no Estoril?
«O Mattheus tem um grande potencial. A partir do momento que teve sequência de jogos, o nível subiu e ele tornou-se o patrão do Estoril. Fez seis meses ótimos. É médio, tem tranquilidade e faro pelo golo. É um jogador de um/dois toques. Preparei-o para jogar na Europa. Fez 22 anos e sinto que já não volta ao Brasil para jogar».

O objetivo passa por chegar a um clube grande em Portugal?
«Sim e não tenho dúvidas que tem dimensão para jogar no Porto, Sporting ou Benfica. Mas está bem e tranquilo no Estoril. Está bem acompanhado, as pessoas da Traffic ajudam-no muito e deixam-me tranquilo. Quando tinha 19 anos a Juventus quis que ele fosse para lá, isso demonstra o valor do Mattheus».

Ele tem gostado deste período no Estoril?
«Muito, muito. O Estoril abriu as portas da Europa ao Mattheus e isso ele não esquece. Enquanto lá estiver, o menino será exemplar. Ainda está a viver num hotel, temos de resolver isso».

Percebeu cedo que o Mattheus ia ser jogador de futebol?
«Muito cedo (risos). Ele com um ano já pegava em bolas pequenas e chutava de pé esquerdo. Disse logo à minha esposa: ‘não tem jeito, esse vai ser jogador’. E ele agora bate bem com os dois pés até. Mais tarde, tinha ele 4/5 anos, mandei contruir uma trave no jardim de casa e punha uma camisa pendurada. Depois pedia ao Mattheus para bater a bola e acertar na camisa. Aprendi esse exercício com o Zico, no Flamengo».

Nunca foi tentado pela carreira de treinador?
«Experimentei e gostei. O Romário convidou-me para treinar o América. Montei uma equipa muito engraçada. Fiquei um ano, mas depois surgiu o convite para ser deputado estadual. Fiquei com o bichinho, a minha vida é o futebol. Eles ficaram doidos quando eu disse que ia sair».

É um desafio que pretende repetir?
«Para quem jogou futebol é fácil ser treinador. Ler o jogo, conhecer os atletas… passei toda a minha vida no campo. Fizemos captações, escolhi o plantel e vendemos cinco atletas para clubes maiores. Eu e os meus assistentes fizemos um bom trabalho».

Com o Bebeto a treinador o Brasil não perdia 7-1 com a Alemanha?
«Os 7-1 deixaram-me traumatizado. É inadmissível. A jogar um Mundial em casa, numa meia final… não dá, não consigo engolir. Nem uma peladinha eu perdia 7-1, quanto mais uma partida de Mundial. A única prova que joguei pela seleção aqui no Brasil foi a Copa América de 89. Fui o melhor marcador e no fim do ano fui eleito o melhor jogador sul americano. Jogar aqui em casa, perto da família, é um privilégio».

O FC Porto contratou dois atletas brasileiros, o Felipe e o Alex Telles. Conhece-os?
«O Felipe tem qualidade. Mas o Maicon é um grande jogador. É muito bom, tomou conta do São Paulo. Achei muito estranho o Porto ter liberado um jogador assim. O Felipe é bom, mas o Maicon é jogador de seleção. E eu acho que o Felipe pode chegar lá também. O Alex Telles tem um pulmão fantástico. Ele desapareceu uns tempos. Onde esteve? Na Turquia? Fico feliz, não sabia que ele estava no Porto».