«O Diego tem sido um jogador fundamental para o Flamengo em todas as vertentes do jogo: física, técnica e tática. Era necessário ter um jogador como ele (...), um que tivesse bola e chegasse perto da área.»

As palavras são de Jorge Jesus, ditas logo após a vitória sobre o Al Hilal no Mundial de Clubes, e ilustram a importância que Diego Ribas, jogador do FC Porto entre 2004 e 2006 ((63 jogos/7 golos, campeão nacional e mundial), continua a ter no gigante carioca.

A partir do Qatar, entre o jogo da meia-final e o decisivo duelo de sábado contra o Liverpool, o internacional brasileiro aceitou dar uma entrevista ao Maisfutebol, recordando os tempos de dragão ao peito e, naturalmente, os dias de glória que vive com Jorge Jesus no Flamengo.

Aos 34 anos, Diego é um futebolista experiente e um homem de discurso ponderado e maduro. Um homem simples, apesar de um palmarés raro, de excelência: duas Copas América, uma Intercontinental, uma Libertadores, vários títulos nacionais...

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Maisfutebol – Chegou ao FC Porto em 2004. Que memórias guarda dessa entrada na Europa e logo com a camisola do campeão europeu em título?
Diego Ribas – Só posso estar grato por tudo o que vivi no FC Porto. Era um menino e em dois anos aprendi praticamente tudo. Vivi muitas conquistas. A minha vida profissional e pessoal foi excelente. Tenho orgulho de dizer que joguei no Porto. O clube tem uma estrutura incrível e adeptos especiais. Foram dois anos marcantes para mim, o início de tudo na Europa.

MF – Na sua primeira época, o FC Porto foi muito irregular e perdeu muitos pontos em casa. Foi difícil reagir, por exemplo, às saídas de José Mourinho e Deco?
DR – É verdade. Esse ano, depois da conquista da Champions, nunca seria fácil. O Porto perdeu o treinador e alguns jogadores importantes. Reformular a equipa é sempre um processo difícil, mas mesmo assim conseguimos alguns bons resultados e na minha segunda época fomos campeões. Acho que não foi fácil superar as mudanças provocadas pelo título europeu, mas acabámos por conseguir fazê-lo.

MF – O grande golo marcado ao Chelsea foi o seu melhor momento individual no FC Porto?
DR – Foi um dos momentos mais especiais, com certeza. Mas também queria lembrar aquele passe de letra que fiz num jogo contra o Belenenses. Eu fiz a assistência e o Benni McCarthy marcou, foi muito bonito. E, claro, como não falar da vitória na Intercontinental? Dias maravilhosos.

MF – Já que fala da Intercontinental, fez agora 15 anos dessa vitória sobre o Once Caldas em Yokohama. Que memórias guarda desse jogo?
DR – Memórias maravilhosas, só. O jogo foi difícil, muito por culpa do fuso horário. O Once Caldas conseguiu equilibrar, mas tivemos oportunidades suficientes para evitar os penáltis. Depois… tivemos de ter muita cabeça fria para bater bem o nosso penálti. Eu acabei por ser expulso, é verdade (risos). Tive ali um desentendimento com o guarda-redes deles [Henao], porque ele tinha-me provocado ainda quando eu jogava no Santos. Dessa vez, olha, descontei tudo o que ele me tinha dito antes. Foi um jogo fabuloso.

MF – Quem foi o colega de equipa com quem mais gostou de jogar no FC Porto?
DR – A nossa equipa era de alto nível nos dois anos em que estive no Porto. Adorei jogar com o Benni McCarthy, tinha muita qualidade e inteligência. Entendíamo-nos muito bem.

MF – Como era a sua vida aqui no Porto e do que tem mais saudades?
DR – Tinha uma vida excelente, viajava muito de carro para cidades vizinhas. Vivia em Matosinhos e passear na praia era maravilhoso. Isso e aproveitar os restaurantes em Matosinhos com a minha família. O Porto é das cidades mais bonitas que conheci na vida.