Quando Alan se estreou em Portugal, a 13 de agosto de 2001 (num triunfo por 3-1 do Marítimo ao Vitória de Setúbal), Pedro Neto ainda gatinhava.
Agora, ambos são companheiros de equipa e até colegas de quarto nos estágios. Na goleada de domingo à noite, por 4-0, sobre o já despromovido Nacional da Madeira, o veterano brasileiro de 37 anos e a jovem promessa de 17 anos, completados em março, saltaram do banco para fazerem história, cada um à sua maneira.
Na despedida desta época da Pedreira, Alan chegou ao jogo 400 na Liga (é o jogador no ativo com mais jogos), enquanto Pedro Neto tornou-se no mais jovem futebolista a atuar nesta edição e estreou-se na primeira equipa a marcar um golo.
Alan, que ao longo da carreira até pisou os mesmos terrenos, como extremo, reconhece que dá alguns conselhos ao seu colega de equipa que é 20 anos mais jovem.
«Já tinha andado a falar com ele para treinar o pé direito. E isso veio a dar frutos com o golo na estreia, o que me deixou muito feliz. Ele é um menino com muito talento. Com a humildade e a vontade de aprender que ele tem vejo um futuro brilhante», salienta Alan em declarações exclusivas ao Maisfutebol.
Numa carreira com 400 jogos na Liga, num total de 549 jogos e 73 golos em Portugal, qual é o momento mais inesquecível?
«Apesar de termos perdido esse jogo, meu melhor golo foi contra o Belenenses, um remate do meio-campo. Foi no Restelo e considero o melhor por ter sido o mais bonito, mas não foi seguramente o mais importante. Também me recordo de um golo muito bonito em casa, contra o Feirense, em que fiz um chapéu ao guarda-redes. Agora, o jogo que mais me ficou na memória é difícil de eleger, porque felizmente há muitos, quer contra o Sporting, como contra o Benfica ou o FC Porto. E pelo que significa para os adeptos, contra o Vitória de Guimarães também. Felizmente, ganhei-lhes muitas vezes e marquei-lhes muitas vezes também.»
Alan chegou a Portugal para jogar no Marítimo (2001 a 2005), antes de ser contratado pelo FC Porto (2005 a 2007), que o emprestou ao V. Guimarães (2007/08), até que assentou de vez em Braga.
Nove das 16 épocas que Alan leva no futebol nacional são ao serviço dos arsenalistas, o que faz este carioca ter uma costela mais minhota. «Vim em 2001 e por cá fui ficando. Em Braga criei raízes. Tive o privilégio de viver aqui os melhores momentos da história do Sp. Braga. Tenho um sentimento enorme pelo clube e pela cidade, que me acolheu como se fosse a minha.»
A verdade é que aos 37 anos e em final de contrato, o futuro de Alan está por definir. Considerando a forma como sublinha o seu bem-estar em Braga é possível desvendar um pouco do seu futuro? Nem por isso, pelo menos para já, responde o jogador.
«Sinto-me bem e feliz aqui. Desenvolvi uma boa relação com todos e agradeço a confiança depositada em mim pelo presidente durante estes anos. Irei reunir com ele e depois decidiremos o meu futuro. De momento, o que posso dizer é que é um privilégio fazer parte do clube. Não foi um ano nem dois, são nove anos nesta cidade. E a prova desta ligação tão forte são os meus filhos, que são bracarenses doentes.»