Dois anos depois daquele desgraçado 26 de julho, Dyego Sousa é um homem de bem com a vida. E um avançado de bem com os golos. Aos 29 anos, o menino de São Luís do Maranhão ultrapassou completamente o incidente com um árbitro - que o suspendeu por nove meses - e é o melhor marcador da Liga portuguesa.

Antes de trocar o Marítimo pelo Sp. Braga, Dyego foi colega de José Sá, Danilo e Marega, um trio que trocou os insulares pelo FC Porto. E há algumas estórias para recordar.

Na entrevista dada ao Maisfutebol no relvado dos Guerreiros do Minho, Dyego Sousa comove-se ao falar dos objetivos futuros e da família. Pais, esposa, filha. Dyego Sousa, um homem de emoções fortes.


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Dyego Sousa contra Gonçalo Silva num Sp. Braga-Belenenses

Maisfutebol – Já tem muitos anos de futebol português. Qual foi o defesa central que mais o chateou em campo?
Dyego Sousa –
Talvez o Maicon, ex-FC Porto. Vivi um episódio interessante com ele (risos). Depois disso até passámos a ter uma boa relação e já jogámos futevólei juntos até. Num Porto-Marítimo estávamos a vencer 1-0. O Maicon estava num canto ofensivo e eu estava a marcá-lo. De repente ele vira-se para mim e diz: ‘se tu me tocares eu vou cair e acredita que o árbitro vai marcar penálti’. Eu fiquei a olhar para ele. Como assim? Só lhe disse: ‘eu não te vou tocar, mas tu não vais fazer golo’. E não fez. Sim, foi ele o defesa que mais me chateou, batia de frente comigo.

MF – No Marítimo jogou com o Danilo e o Marega. Sentia que eram jogadores para chegar ao FC Porto?
DS –
Eu era mais próximo do Danilo e até do José Sá, porque o Marega não falava português. Mas, curiosamente, depois comecei a dar-me muito bem com o Marega. Quando ele chegou à Madeira não tinha carro e eu tinha dois. Emprestei-lhe um (risos). Era o Salin, que está no Sporting, o nosso tradutor. O resto era por gestos. ‘Ò Salin, diz ao cara para não estragar o meu carrinho’.

MF – O ano passado o Marega foi uma das revelações da Liga. Conhecendo-o bem, estava à espera?
DS –
Quando o vi pela primeira vez, notei que não tinha a qualidade técnica do futebol brasileiro, por exemplo. Ao longo da época percebemos que tinha muita força, rapidez, facilidade de remate, e que isso era muito importante para a equipa. Treinávamos a finalização juntos e ele furava a rede, era incrível a potência do remate. Quando chegou ao FC Porto teve problemas porque o clube não estava bem e ele estranhou, mas o empréstimo ao Vitória fez-lhe bem. Ganhou confiança e voltou forte ao FC Porto. Fiquei feliz pela época que o Marega fez.

MF – Mantém contacto com o Marega?
DS –
Pouco. Vi-o à saída de um treino em Guimarães e ele ia num BMW X6. Na parte de trás do carro eu só via caixas com M’s desenhados. Fui ter com ele. ‘Marega, esses M’s todos são do teu nome, rapaz? Estás em grande’. Ele riu-se, riu-se e disse que era um M da marca do automóvel, só isso. ‘Andou no meu Focus na Madeira e agora anda numa bomba dessas’. É boa gente. Deu-me muitas assistências para eu fazer golos. Merece ter sorte.

MF – Como é a sua vida em Braga, fora do futebol?
DS –
Tenho casa em Braga, mas passo muito tempo no Porto. Os meus sogros vivem lá. Adoro a cidade do Porto. Eu vivi em Matosinhos, perto da praia, e fiquei encantado com a zona. A minha esposa é do bairro de Ramalde. As minhas horas vagas são passadas lá. Um futevólei, um jantarzinho, um snooker. É ótimo.

MF – Falta perguntar ao Dyego uma coisa. Quais são os objetivos de carreira para os próximos anos?
DS –
Não é fácil responder (suspiros). Há dois anos passei por grandes dificuldades e hoje estou aqui no Sp. Braga. Passou tudo muito depressa, não sabemos o que vai acontecer. O que espero? Continuar a ser feliz e fazer a minha família feliz. (Dyego emociona-se). Vou lutar pelo bem estar dos meus pais, da minha esposa e filha. Tenho de agradecer aos meus colegas pelos golos, por todo o trabalho. O futuro…? Dar uma vida boa àqueles que amo. Enquanto tiver força, buscarei sempre isso em prol deles.