Na véspera de comemorar o 70º aniversário, Giovanni Trapattoni lançou uma frase curiosa, em entrevista ao site da FIFA. «A experiência volta a estar na moda», disse o técnico italiano, lembrando os títulos europeus de Luis Aragonés, com a selecção espanhola, e de Alex Ferguson, com o Manchester United.
Mas será que os treinadores mais experientes estão mesmo de novo em evidência? Será que essa «moda» se verifica também em Portugal? O Maisfutebol quis saber a opinião de dois treinadores: Paulo Sérgio, um dos mais jovens da Liga, e Manuel José, um dos mais experientes do futebol português, e já com muitos títulos no currículo.
O técnico do Paços de Ferreira rejeita uma ligação entre idade e competência. «Não há idade para treinadores competentes», defende. «Trapattoni é a prova de que a experiência nunca deixou de valer», acrescentou ainda o técnico pacense, de 41 anos.
As cópias de Mourinho, em vias de extinção
Em Portugal já muito se discutiu sobre eventuais diferenças entre a «velha escola» e a «nova escola», mas Paulo Sérgio não se «cola» a nenhuma delas. «Tanto admiro Mourinho como Manuel José», justifica.
O próprio treinador do Al Ahly entende que, a dada altura, os clubes portugueses andaram à procura de um novo Mourinho, mas que agora já não é assim. «Alguns tentaram aproveitar-se disso, mas desapareceram aos poucos. Normalmente as imitações são más. Houve os imitadores do Pedroto, do Artur Jorge e do Mourinho», justifica. «Dizia-se que era preciso um treinador jovem e ambicioso. Nunca percebi o que a idade tem a ver com a ambição», acrescenta ainda Manuel José, em declarações ao Maisfutebol.
O técnico do campeão africano de clubes entende, por isso, que Trapattoni «tem alguma razão». «Basta que os resultados apareçam que nasce uma moda. O futebol vai muito nas modas», explica, aceitando a ideia de que os treinadores experientes estão em foco, e fazendo referência a Jesualdo Ferreira, Jorge Jesus, Manuel Cajuda, José Mota e Manuel Machado.
Um «bichinho» que nunca desaparece
Perto de completar 63 anos, Manuel José consegue entender os motivos que levam Trapattoni a continuar a trabalhar aos 70, embora assuma que não tencione seguir o exemplo.
«A minha paixão é a mesma que tinha no início. Só estou bem no campo, mas não tive tempo para viver. Os últimos seis anos então, aqui no Egipto, foram de loucos. A minha expectativa é treinar mais quatro anos, no máximo», disse o técnico, que é um verdadeiro herói no Cairo.
Paulo Sérgio está mais longe de atingir a idade actual de Trapattoni, mas ainda assim admite ainda estar no activo, quando soprar as setenta velas: «Neste momento vejo-me a fazer o mesmo. É o que me dá gosto fazer. Embora seja também a minha fonte de rendimento, é um prazer enorme levantar-me todos os dias para ir dar treino. Não me vejo reformado aos setenta.»