D-e-m-o-l-i-d-o-r! Uma exibição de sonho e um resultado histórico frente à Lazio (4-1) sustentam o sonho do F.C. Porto chegar à tão desejada final da Taça UEFA. Só uma catástrofe poderá impedir o dragão de conseguir o seu objectivo mais íntimo, porque os números dão margem de manobra para a viagem a Roma ser a penúltima etapa de um percurso natural. Quem sabe os caprichos do destino prepararam um encontro com o Boavista, em Sevilha?

Pode parecer exagero, mas este foi um dos melhores jogos europeus dos azuis e brancos nos últimos anos (quem sabe até o melhor no Estádio das Antas) numa noite de frio e de chuva. Demolidor em todos os aspectos; espectacular de uma ponta à outra; fantástico dos pés à cabeça; sedutor da primeira à última letra. Assim se escreve o triunfo da equipa portista que vulgarizou a poderosa Lazio, derretendo-a a uma insignificância atroz, o que atesta bem a grandeza da exibição perante o quarto classificado do campeonato italiano. Aliás, o quinto golo esteve mais iminente do que o segundo dos romanos. Por aqui se percebe quase tudo.

Se não fossem alguns falhanços de palmatória e a exibição do guarda-redes Peruzzi - apenas foi traído no terceiro golo com culpas clamorosas - o resultado podia ser mais expressivo e ilustrava bem o que se viu: um jogo de sentido único com o F.C. Porto a massacrar do princípio ao fim, a ter muitas oportunidades para conseguir números mais condizentes com o que se passou. A formação de Mourinho esteve sempre em cima, conseguiu dois golos em cada parte e teve suporte mental para anular o duro e frio golpe da Lazio, a primeira a conseguir chegar à baliza com êxito.

Duro soco no estômago

Logo nos primeiros instantes deu para perceber que a fórmula mágica de Mourinho estava para durar. O F.C. Porto entrou em campo motivado e com índices de confiança surpreendentes ao ponto de encostar o adversário às cordas logo nos primeiros instantes, mas também ao ponto de conseguir reagir da melhor maneira possível ao duro soco no estômago: Cláudio Lopez inaugurou o marcador logo aos cinco minutos. Mas é nas horas mais difíceis que se vêem os grandes campeões e os portistas seguiram à risca esta velha máxima, reagindo quase instintivamente ao contra-golpe.

Por incrível que possa parecer, os níveis de confiança mantiveram-se sempre em cima e a forma sufocante como os azuis e brancos se instalaram no meio-campo da Lazio fazia crer que a mudança do resultado seria uma realidade: Maniche recuperava bolas como um louco; Alenitchev somava dribles e jogadas de sonho; Derlei rematava à baliza quase sem pensar duas vezes. A reacção assentou muito nestes três jogadores e o golo do empate (e que golo!), por intermédio de Maniche, surgia quatro minutos depois da Lazio ter feito as redes abanar. Era a melhor resposta possível.

Saber reagir no momento certo

Mesmo quando o jogo estava empatado a Lazio nunca conseguiu subir no terreno e isso atesta bem a atitude do F.C. Porto, que chegou ao intervalo a vencer por 2-1 (Derlei marcou o segundo tento), deixando para trás um adversário que raramente conseguiu construir uma jogada com princípio, meio e fim. No entanto, os portistas somaram um punhado de oportunidades desperdiçadas perante a lentidão da defesa romana, aflita perante tantas investidas. O segundo tempo foi praticamente tirado a papel químico do primeiro: entrada de rompante, controlo e massacre total.

É neste cenário de festa que os azuis e brancos conseguem marcar dois golos - Derlei e Hélder Postiga - e esbanjam alguns lances fantásticos perante um adversário que não tinha forças para reagir. O poderoso ataque romano não conseguia dar um ar da sua graça e o meio-campo era incapaz de colocar um tampão à mestria e à criatividade portista. No entanto, fica o aviso: a Lazio marcou um golo na primeira oportunidade. É mortífera no contra-ataque. Logo, todos os cuidados são poucos em Roma.