Um Porto de primeira, desempenho requintado na noite do Dragão que ficou manchada pelos problemas físicos de vários elementos. Antes, durante e depois, demasiado F.C. Porto para um Marítimo encolhido, permissivo, a milhas do nível da época passada. Goleada à moda antiga com acento colombiano: dois de Jackson, dois de James.

Liderança isolada, à condição, 22 golos marcados em 8 jogos. O Benfica, com melhor goal average à entrada para esta jornada, tem a palavra. A história do encontro escreveu-se desde cedo. No regresso aos balneários, findo o primeiro período, já se adivinhava o vencedor.

Intervalo. Muitas palmas. Tantas, pouco habitual. O silêncio, a pressa em ir à casa de banho, comprar algo para comer, nada disso se fez sentir, desta vez. O adepto do F.C. Porto esperou e aplaudiu com orgulho. Vencia-se, sim, mas vencia-se com plenitude e arte.

Como o bom espectador de uma obra de teatro, satisfeito e até impressionado com o desempenho dos interveniente, o adepto presente no Estádio do Dragão sentiu-se na obrigação de corresponder, de agradecer uma excelente primeira parte.

Não é a primeira vez que o F.C. Porto chega ao intervalo a vencer, longe disso. Mas nunca o fizera com golos de tamanho efeito e um punhado de jogadas ao primeiro toque, atraentes à vista, tão simples quão eficazes.

Varela sim, mas aquele primeiro golo...

Os resumos televisivos incidirão sobre o pontapé violento de Silvestre Varela, por certo. Faltará tempo para reproduzir toda a jogada que culminou no primeiro golo. Esse sim, uma obra de arte coletiva, deliciosa para quem viu Moutinho pegar na bola ainda no meio-campo defensivo.

Depois, foi magia. Tudo de primeira. Moutinho, Fernando Moutinho. Depois James, Lucho, James. O colombiano fez o passe inesperado para Jackson, a defesa do Marítimo ficou a pensar em outra coisa qualquer e Cha Cha Cha Martínez fez o resto.

Sétimo jogo consecutivo a marcar para o ponta-de-lança, que viria a bisar na etapa complementar. Dessa vez, após assistência de João Moutinho, chegando aos onze golos em doze jogos oficiais com a camisola do F.C. Porto. Impressionante.

Pelo meio, o tal pontapé de raiva de Varela. Raiva não, que o português atravessa um belo momento e balançou as redes em três jogos consecutivos. D. Kiev, Estoril, agora frente ao Marítimo. E que golo. O extremo partiu da esquerda, passou por dois e disparou. Ninguém adivinhava o final daquela história. Nem Ricardo, o guarda-redes que se estreava na Liga. A bola só parou junto ao ângulo da baliza do Marítimo.

Lesões atrás de lesões

Abre-se um capítulo para más notícias na noite agridoce do Dragão. Fernando, Maicon e Helton saíram lesionados durante o encontro, em vésperas da deslocação à Ucrânia para defrontar o D. Kiev, na Liga dos Campeões. Lucho resistiu em campo mas também apresenta problemas físicos. Tanto problema junto!

O treinador do F.C. Porto mostrou-se apreensivo com a situação, passando o resto do jogo dando indicações, sentindo que a equipa estava na plenitude do seu potencial, praticando um futebol atrativo, clarividente, incisivo. Ao seu gosto.

Entre tudo isto, saliente-se, houve pouco Marítimo. Pouquíssimo até. Pedro Martins não desaprendeu, os seus homens também não, mas foi uma jornada de tremendo desacerto para os insulares. Sem explicação aparente. Tombaram com o primeiro golo e por lá continuaram, no chão, sem reação visível.

Moutinho e James, nova sociedade

Alheio à situação, o F.C. Porto arrancou para uma segunda metade de idêntico nível, chegando a uma goleada à moda antiga com naturalidade. Primeiro Jackson, melhor marcador da Liga.

Depois James Rodriguez, na segunda assistência de João Moutinho no jogo. Mais tarde, de novo James, ele que tinha aberto caminho para o primeiro golo. Bis para o colombiano (contando com o desvio de João Guilherme), festa completa no Dragão.