Há gestos que definem bem o carácter das pessoas. A passagem de André Villas Boas por Coimbra, onde deu início à carreira de treinador, está recheada de pequenos episódios que ilustram bem a relação de cumplicidade do jovem técnico com os jogadores. O próprio chegou a queixar-se, em tom de brincadeira, do rombo no cartão de crédito a pagar tantos almoços ao grupo de trabalho mas houve outras situações que merecem ser contadas.

No ano passado, por altura dos últimos treinos antes das férias do Natal, alguns atletas requisitaram camisolas para oferecer na quadra festiva. Por entre pedidos desmesurados, houve um que chamou a atenção do técnico talvez pela encomenda espartana ou então por se tratar de um dos elementos do plantel a quem poderia custar mais a pagar os ditos equipamentos.

O jogador em causa era Jonathan Bru, actualmente ao serviço da Oliveirense, e teve uma grande surpresa quando foi recolher as camisolas: «Tinha à minha espera não 10 mas sim 30, metade em branco e outra metade em preto. Achei de mais e fui falar com o mister e foi então que ele me disse que pagaria metade da despesa. Fiquei estupefacto.»

O médio francês nem sequer era uma das opções habituais mas nunca questionou o seu estatuto. Esta estória, aliada a outras, ajuda a perceber como o técnico era visto pelos seus comandados. «É uma pessoa com um coração enorme. É exigente, profissional, pode parecer duro mas, connosco, sempre demonstrou atitudes grandiosas. Confesso que o aprecio bastante», revela o jogador da Oliveirense.

[hora original: 22h27]