Jackson Martínez apresentou o enigma e a solução em uma hora de jogo, como se esta história fosse só dele. Houve F.C. Porto, houve Rio Ave, houve Braga até, mas tudo girou em torno de Cha Cha Cha. Uma dança complexa, intensa, suficiente para a reviravolta no Dragão (2-1).

Durante meia-hora, não houve nada para contar. Depois, surgiu a história de Jackson. Uma rábula com falhanços, revolta, zangas com alguns adeptos e as pazes com todos. Ao minuto 77, o capítulo final, com um domínio perfeito na área do Rio Ave para o 2-1. A aliança colombiana com James voltou a funcionar.

Sem exuberância, denotando algum cansaço físico e emocional, F.C. Porto deu mais um passo em frente. Vitória importante antes de Alvalade.

Oblak percebeu a linguagem de Panenka

O bocejo inicial terminou com uma oportunidade soberana para os dragões. Filipe Augusto leu mal o lance e pisou ostensivamente Izmaylov, no interior da área. Penalty claro, Rio Ave preocupado, com meia-hora de jogo.

Jackson na cobrança, estádio em suspenso e um momento de irritação pura, quando o colombiano quis imitar Panenka e Oblak nem se mexeu, fazendo a defesa mais fácil e inteligente da sua carreira. Parte do Dragão desnorteou-se e virou-se contra o seu goleador.

Lucho González recuperou o finalizador do F.C. Porto com uma ação simples, sem bola. Ao segundo penalty, deu ao colombiano a possibilidade de redenção. Os adeptos gostaram, Cha Cha Cha não fugiu.

Desta vez, Jackson Martínez rematou em força. Oblak, especialista na matéria, voltou a perceber a intenção mas não conseguiu evitar o golo.

Um longo abraço entre Jackson e Lucho, em forma de agradecimento. Ser capitão de equipa é qualquer coisa como aquilo. Ser adepto, por exemplo, é apoiar nos momentos difíceis. A claque fez isso mesmo, quando o colombiano falhou o ensaio inicial.

Ao contrário do primeiro lance, não é possível ter certezas quanto à intenção de Marcelo na grande penalidade convertida pelo F.C. Porto. Após cruzamento de Quiñones, a bola bate claramente no braço, que está ligeiramente afastado do tronco. Benefício da dúvida para o árbitro.

Braga contribuiu para o longo enredo

Pelo meio, parecendo um pormenor mas não o sendo, o Rio Ave marcou. A sequência temporal foi essa mesmo: penalty falhado por Jackson, golo de Braga, penalty convertido por Jackson. Tudo em quinze minutos.

A equipa de Nuno Espírito Santo apresentou-se no Dragão com linhas recuadas e doses de esperança na frente, onde se juntavam a velocidade de Bebé, a técnica de Ukra e a inteligência de Braga. Seria este, ao minuto 39, a inaugurar a contagem.

Edimar fez o lançamento longo, Maicon e Helton partilharam responsabilidades e Braga agradeceu a má leitura dos dois brasileiros, fazendo o golo com três/quatro toques de belo efeito.

O F.C. Porto empatou em cima do intervalo, encurtando a sensação de choque. Contra o Olhanense, no último jogo em casa para a Liga, foram mais de quarenta minutos em desvantagem. Desta vez, apenas seis.

James para apresentar a solução

Vítor Pereira lançou James para a etapa complementar, deixando Izmaylov no balneário. O russo fizera o quinto jogo como titular, o oitavo em mês e meio. No Sporting, apenas nove. Conquistou um penalty, mas James oferecia outro tipo de futebol.

Os dragões não sentiram dificuldades tremendas em criar oportunidades, até porque o Rio Ave teve uma postura louvável e recusou-se a baixar linhas em demasia. Tudo parecia agora um jogo de paciência, até para Liedson, que foi aquecendo sem perceber se a sua oportunidade iria chegar.

Não seria preciso. James entrou para se entender com o compatriota e a dupla colombiana bastou. Passe de Rodriguez, finalização de Martínez. Domínio soberbo de Jackson na área e remate de pronto, fazendo a bola passar por entre as pernas de Oblak (77m). Cha Cha Cha reconquistou o Dragão.