Baltemar Brito e Secretário faziam parte da equipa de José Mourinho que venceu a Taça UEFA em 2002/03. A meio da caminhada, o F.C. Porto encontrou a Lázio e viu-se, tal como agora, sem treinador no banco para o jogo da segunda mão da eliminatória. Mourinho agarrou Lucas Castromán no primeiro jogo (4-1) e foi castigado com uma partida de suspensão, sem que isso tenha afectado os seus pupilos na luta pelo apuramento para a fase seguinte. Actualmente, é Jesualdo Ferreira a ser punido pela UEFA, na sequência de um manguito em Madrid. Um bom augúrio para a continuação do F.C.Porto em prova?
«Não será por aí que o F.C.Porto vai ter problemas», antecipa Secretário. «As coisas são trabalhadas durante a semana e estou certo de que a esta hora todos os jogadores do F.C.Porto sabem ao pormenor o que têm de fazer ao longo do jogo», garante o antigo lateral direito ao Maisfutebol.
Para Baltemar Brito, o mundo azul e branco está demasiado bem construído para que uma situação destas se transforme num problema sério. «Com todo o grau de trabalho e inteligência que há no F.C.Porto, não é um problema extra. O professor Jesualdo é uma pessoa inteligente e com certeza já tem toda a estratégia montada, juntamente com os seus adjuntos, os jogadores e as pessoas do F.C.Porto. Estou certo de que já têm tudo planeado para o jogo com o Manchester, até porque é durante a semana que se definem as coisas», declara o ex-adjunto de Mourinho.
E com Mourinho, qual foi a estratégia?
Diz-se que os corredores romanos (não) viram um Mourinho em fuga até ao balneário mas que o treinador português conseguiu infringir regras para lá chegar. Secretário jura que não se lembra do que aconteceu no vestiário laziale e Baltemar Brito recusa-se a levantar a ponta do véu embora elogie a perícia do Special One.
«Nós ficamos com o nosso trabalho facilitado com o Mourinho. É muito inteligente, pensa rápido, pensa à frente. Ele [contra a Lázio] procurou um processo adequado à situação. Do pessoal que está no F.C.Porto hoje, já muito estava nessa altura e é natural que arranjem uma solução de acordo com este castigo», comentou o adjunto brasileiro dos azuis e brancos em 2002/03.
Ter o mister ao lado é bom, mas não fundamental
Tanto para Carlos Secretário como para Baltemar Brito, a ausência de Jesualdo Ferreira não vai atrapalhar o onze do F.C.Porto que entrará em campo esta quarta-feira. Os antigos dragões salientam que há sempre uma forma de comunicar, ainda que as técnicas variem de acordo com o clube ou o treinador.
«Ter o líder por perto é sempre bom, é importante, mas Jesualdo tem o seu adjunto para dar voz às suas instruções e ao que foi trabalhado ao longo da semana. Com certeza, o professor vai estar lá a ver o jogo e até pode ser que o veja numa posição mais favorável à leitura da partida. Depois, por telefone ou qualquer outro meio, as suas mensagens hão-de chegar aos jogadores», adianta o ex-jogador, mostrando-se confiante num Porto tão bom como o de Old Trafford.
Também Baltemar Brito recorda que a situação mexe com o inconsciente dos jogadores. «O treinador faz falta no banco, mas isto não se vai tornar num problema. Muito menos num clube como o F.C.Porto. O treinador tem sempre um papel marcante e pode influenciar determinado momento do jogo. Aqui, o adjunto vai ajudar, mas a falta de treinador é sempre uma baixa forte», assume o técnico, actualmente desempregado, ao Maisfutebol.
A forma de passar as mensagens do treinador aos atletas diferem, mas Baltemar acredita que não há nada que se possa pedir mais a Jesualdo Ferreira, independentemente do que acontecer na quarta-feira. «É uma situação que cada treinador gere à sua maneira, cada técnico tem a sua estratégia. O professor tem dado provas no clube, está a fazer uma brilhante campanha, tanto interna como na Liga dos Campeões», remata o braço direito de Mourinho no F.C. Porto.