Carlos Liz apresentou esta quarta-feira, em primeira mão, na Alfândega do Porto, o maior estudo sobre o futebol português denominado «O futebol, as marcas e os adeptos». «Numa média de 200 entrevistas por semana, atingimos conclusões interessantes e variáveis ao longo do tempo, consoante os fenómenos desportivos», explicou Liz no início da intervenção. As ideias finais do director-geral da Área de Planeamento e Estudos de Mercado versam vários aspectos do desporto-rei e deixaram a audiência «colada» ao tema.
«Os adeptos entram em estágio antes das partidas, também preparam os jogos» começou por dizer o autor de Futebol Insight. «As marcas que intervêm no jogo, seja nos patrocínios ou na publicidade, têm que prestar atenção a essa duração do futebol para além dos 90 minutos.» De acordo com o especialista, as marcas mais conhecidas e relacionadas com notoriedade são as que aparecem nos naming rights, da Liga (Sagres ou Vitalis) e das bancadas dos estádios. Seguem-se as Cheerleaders e as marcas presentes nas camisolas.
«O F.C. Porto tem cada vez mais adeptos»
Falando em camisolas, Liz também estudou a composição clubista do nosso país. Tendo em conta a amostra em causa, percebe-se que o padrão de seguidismo tem mudado. «Anteriormente, escolhia-se o clube por tradição familiar ou proximidade geográfica. Hoje em dia, é por meritocracia, há uma «desgeonalização» e as novas razões sociológicas ligam-se a quem ganha.»
Nesta meritocracia, não é de estranhar que o líder seja o FCPorto. «É curioso verificar isso. O Benfica continua a ser o clube com mais adeptos, mas se formos a ver por escalões etários, o FCPorto tem conseguido aumentar a sua percentagem. Então nos miúdos entre quatro e doze anos, não há qualquer dúvida. O FCPorto tem ganho muitos adeptos com as vitórias dos últimos anos», constatou o director geral da APEME.
As mulheres no futebol, factor positivo
A presença das mulheres no mundo do futebol mostra «uma nova mentalidade» e é, segundo Liz, «das coisas mais importantes para o desporto nos últimos anos». De acordo com o estudioso, a presença do sexo feminino é muito positiva para o desporto-rei e traz novas situações.
«As mulheres dispensam as rivalidades e preocupam-se com a valorização da festa. Curiosamente, os resultados mostram que as mulheres prestam uma diferente atenção aos jogadores de futebol. Os homens olham para a frente, as mulheres olham muito para a parte de trás dos atletas» disse, entre risos, «sabe-se lá porquê, parece que está relacionado com a literacia. Elas olham para trás para ver os nomes dos jogadores na camisola», brincou o orador. Mais séria é a questão da aceitação que os homens têm por elas. «As senhoras estão a ser bem-vindas ao futebol, os homens aceitam e até gostam da companhia delas.»
Vai-se menos ao futebol. A média portuguesa é de 11.000 adeptos nos estádios. «Por mais que os grandes tenham a casa cheia, no resto dos jogos não há pessoas a assistir», lamentou Carlos Liz. Os motivos? «O preço dos bilhetes, claramente. E em segundo, o mau futebol. É curioso ver que a questão das arbitragens só tem 11% dos votos.»
Segundo Liz, os media também sofrem com a paixão dos adeptos. «Os media têm que fazer uma ginástica especial para agradar a quem ganha e a quem perde. A procura de informações depende muito da predisposição e estado de espírito do adepto, que vai consumir ou não consoante o resultado da sua equipa», conclui.