Gargantas inchadas de orgulho entoam a «Pronúncia do Norte». Olhos embargados, punhos cerrados, lábios a trincar o sangue do triunfo. O Estádio do Dragão explode depois da concretização do tetracampeonato, o segundo na história do F.C. Porto.
Mais de 50 mil pessoas polvilham as bancadas com cachecóis erguidos aos céus. A música segue imparável. Agora é a vez dos «Filhos do Dragão». O povo sabe a cantoria de cor e salteado. Dedilha cada nota com a vertigem de um golo de Lisandro, de uma arrancada de Hulk, de um corte impetuoso de Bruno Alves.
Os heróis da noite saem para o balneário e regressam instantes depois. O relvado já está pintalgado de confettis. Uma bandeira gigantesca desce por uma das bancadas em tons de garbo incontrolável.

Agora sim, aí estão eles. Um a um, os tetracampeões desfilam perante uma plateia efervescente. Helton é o primeiro, Bruno Alves vem logo a seguir, depois todos os outros. Ninguém arreda pé, ninguém tira os olhos do palco montado no centro do relvado.
A hora é de comunhão. Sorrisos rasgados, uma gargalhada para o carrinho simulado de Hulk sobre Fernando. Cissokho dá cambalhotas. Jesualdo Ferreira merece vénias e gritos de agradecimento. É o momento mais alto. O professor é venerado em pleno relvado. É uma orgia de paixões comuns.
A irmandade festeja. O F.C. Porto é tetracampeão e a cidade promete não dormir. Que o champanhe jorre e os corações pululem.