Hélder Postiga
Chega a ser assombrosa a alteração que se verificou no avançado depois de cerca de uma semana na Selecção Nacional. Saiu do F.C. Porto um jogador profundamente desmotivado, regressou depois completamente diferente, muito moralizado, a transpirar confiança e com uma vontade do tamanho do mundo. Logo no jogo com o Gil Vicente mostrou que era outro, frente ao Boavista continuou a ser o melhor da equipa e esta noite deu mais uma demonstração cabal de qualidade e capacidade inventora. Só desceu de produção quando teve de cair para a esquerda. Mesmo assim marcou um golo, o primeiro, e travou com Moretto um despique delicioso, arrancado pela espontaneidade de criar situações de golo próprias. Só uma noite muito acertada do guardião sadino evitou mais um par de golos. Scolari manda dizer que não é preciso agradecerem-lhe.
Ricardo Quaresma
O mágico é um artista que como qualquer outro depende dos momentos de inspiração. É certo que esta época não tem sido feliz, o toque de genialidade atraiçoou-o muitas vezes, mas quando engata Quaresma é uma delícia. Como foi esta noite. É certo que nem sempre, teve pequenas coisas desastrosas, mas foram poucas. Já as genialidades foram várias e quando é assim, resta-nos deliciarmo-nos. Ofereceu um golo e marcou outro.
Ibson
O brasileiro começou por ser dos menos maus na pior fase da equipa, logo a seguir ao golo adversário, não fazia nada para provocar a sapatada mas também não comprometia, assim bem ao estilo de jogador que é. Com a melhoria do F.C. Porto soltou-se então para uma exibição a roçar a nota mais alta. Ibson foi imenso, esteve em todo o lado, correu todo o campo, defendeu, atacou e serviu Quaresma para o golo da vitória.
Leandro
Ponto primeiro: o brasileiro não fez um jogo fantástico. Ponto segundo: foi a segunda partida a titular desde que chegou ao F.C. Porto. Ora partindo deste último ponto, serve este destaque para sublinhar como Leandro pode ser uma excelente solução para a equipa. Bem melhor do que, por exemplo, a adaptação de Ricardo Costa. O brasileiro defendeu bem, atacou com grande frequência, canalizou muito jogo, enfim, é solução.
Moretto
Foi um jogo cheio para o brasileiro. Noventa minutos de atenção permanente e muito trabalhinho. Aos quais respondeu com uma excelente exibição, recheada de grandes defesas, daquelas que enchem o olho e transformam os guarda-redes em heróis. Travou com Hélder Postiga um duelo muito interessante. Sofreu um golo do avançado, é certo, mas travou-lhe os festejos pelo menos por três vezes. Acabou por ser insuficiente.
Bruno Gama
A ovação que explodiu das bancadas assim que se ouviu o nome de Bruno Gama na apresentação das equipas é o exemplo da esperança que os adeptos depositam neste jovem extremo. Uma esperança justificada pela ginga de corpo, pela rapidez, pelo drible estonteante. Aos 17 anos, porém, falta-lhe maturidade. Não abriu linhas de passe, não fez apoios, nem compensações. Ainda tem que crescer, pelo que saiu ao intervalo.