Quinze minutos de treino aberto à comunicação social. Não mais que isso, que ele há coisas que nunca mudam. No Dragão, então, a filosofia de clube sobrepõe-se aos métodos de trabalho de quem quer que seja, de onde quer que venha. Os hábitos são mais antigos que os treinadores, sejam eles portugueses, italianos ou espanhóis, pelo que há regras, uma das maiores a que obriga a fechar o clube dentro de uma concha. Por isso mesmo mantém-se a velha escola de fechar a porta do treino, abrindo apenas uma janela nos quinze minutos iniciais.
O que é manifestamente pouco para perceber o estilo do novo técnico. Mesmo assim sempre deu para perceber que Victor Fernandez é um treinador muito mais na linha daquilo a que o clube, e esta equipa, estavam habituados. Pelo menos muito mais do que Del Neri. Saltam até à vista as semelhanças com Mourinho nos métodos de treino. O quarto de hora inicial deu apenas para observar meia-dúzia de exercícios físicos, os quais foram executados sempre com ritmo e cadência. Ninguém pode estar parado e a bola é o elo de união entre todo o trabalho.
Nota-se que Victor Fernandez gosta de tornar os exercícios físicos estimulantes, não há monotonia, não há tédio, não há corridas sem bola. Mesmo que a orientação esteja entregue ao preparador-físico José Luís Arjol, o treinador gosta de acompanhar de perto os jogadores, exige ritmo, exige aplicação e dá incentivos constantes. Ao fundo, praticamente só se ouve a voz dele. «Bien, bien, Pepe», ou «vamos a despertar», ou «hace lo bueno», Fernandez não pára um instante. Nem deixa que o treino pare.
Numa correria entre os vários exercícios, os jogadores vão respondendo ao ritmo das ordens do treinador. Procurando retribuir a confiança e alimentar expectativas no início de uma nova etapa no clube. Pinto da Costa, uma presença assídua nos primeiros dias de Fernandez, como que para mostrar o apoio da direcção à nova equipa técnica, aproxima-se do centro do relvado para observar melhor o entusiasmo do treino. Provavelmente consciente que os métodos de trabalho estão muito mais próximos daqueles que fizeram o F.C. Porto campeão europeu.