O holandês Max Verstappen sagrou-se, este domingo, campeão do mundo de Fórmula 1, ao vencer o Grande Prémio de Abu Dhabi, no circuito de Yas Marina, superando o britânico Lewis Hamilton, num final de corrida absolutamente frenético, depois de um «safety car» nas últimas voltas, motivado por um despiste de Nicholas Latifi.
Não foi como o GP da Europa 1997 entre Michael Schumacher e Jacques Villeneuve. Também não foi como Austrália 1994 entre Damon Hill e Michael Schumacher. Ou como Suzuka 1990 entre Ayrton Senna e Alain Prost.
Mas foi igualmente épico. Emocionante. Indescritível. Naturalmente tenso e até polémico. E inesperado na forma.
O final do Mundial de Fórmula 1 desta época provou que foi mesmo tudo até à última volta.
Tudo parecia encaminhado para Lewis Hamilton superar Michael Schumacher como o mais titulado de sempre na Fórmula 1 e para o seu quinto título consecutivo na carreira desde 2017, mas a batida de Latifi, a quatro voltas do fim, colocou tudo em suspenso até ao fim. A Mercedes venceu, mas apenas o mundial de construtores, enquanto a Red Bull volta a fazer a festa oito anos depois do último dos quatro títulos de Sebastian Vettel, em 2013.
O «safety car» entrou em pista, Lewis Hamilton não conseguiu entrar para as ‘boxes’, algo que Max Verstappen conseguiu para trocar de duros para pneus macios e tentar um ataque final. Não era garantido que a corrida recomeçasse, mas foi retomada para a última das 58 voltas e Verstappen, com melhores pneus, conseguiu o ataque e a ultrapassagem a Hamilton e defendeu-se depois de um ataque final do britânico, para fugir rumo à 10.ª vitória da temporada e para o seu primeiro título na carreira, na Fórmula 1.
Tudo isto num final triste para Sergio Perez, que também tinha ido à ‘box’ para trocar de pneus e ajudar Max Verstappen no possível ataque final, mas acabou por voltar à garagem para a desistência, que automaticamente confirmou o título de construtores para a Mercedes.
Todo o filme do GP de Abu Dhabi que decidiu o título.
Carlos Sainz conseguiu assim o pódio para a Ferrari, ao ficar no terceiro lugar, seguido de Yuki Tsunoda, que conseguiu também um honroso quarto lugar em Abu Dhabi, numa corrida emocionante de início a fim.
TOP 10 FINISHERS: ABU DHABI 👀
— Formula 1 (@F1) December 12, 2021
A hugely dramatic final race of 2021 😮
And it finishes with @Max33Verstappen as world champion! 🏆#AbuDhabiGP 🇦🇪 #F1 pic.twitter.com/NZB0rqzkAQ
O ataque inicial de Hamilton que mudou logo tudo (e o toque polémico)
O britânico arrancou muito bem e ultrapassou logo Max Verstappen na primeira curva e o holandês até respondeu pouco depois. Houve um toque entre ambos que motivou uma saída de pista de Hamilton, num incidente em que a Red Bull pediu cedência de posição, mas que acabou por não ser investigado e tudo ficou como estava.
Hamilton foi ganhando segundos com os seus pneus médios, enquanto Max Verstappen se foi queixando dos seus macios traseiros e acabou mesmo por parar à volta 14, reentrando em pista na quinta posição, à frente de Valtteri Bottas, algo que era essencial na estratégia da Red Bull perante a Mercedes.
Rapidamente Verstappen ultrapassou Norris e Sainz, chegou-se ao pódio e depois disso aconteceu um dos grandes momentos da corrida.
Grande trabalho de Sergio Perez a embrulhar
Hamilton, que entretanto também fez uma paragem – aquela que viria a ser a sua única – acercava-se de Sergio Perez, que fez um enorme trabalho a tapar caminhos ao britânico. O mexicano foi ultrapassado duas vezes por breves instantes, mas conseguiu defesas consecutivas, numa luta que permitiu a Verstappen colar-se a Hamilton e ficar a quase um segundo do britânico.
«Sergio Perez é uma lenda», reagiu Verstappen. E não era para menos, num momento que provou que tudo podia mudar de um momento para o outro e que a Red Bull estava disposta a várias estratégias para um final feliz.
O triste final para Raikkonen e para Russell
Logo após esta intensa luta e chegados a meio da corrida, dois abandonos ditaram duas despedidas tristes: a de Kimi Raikkonen da Fórmula 1, devido a problemas nos travões, bem como de George Russell da Williams, que também abandonou à volta 29.
Pouco depois, foi Giovinazzi a abandonar, ao encostar o carro à volta 35, o que motivou um primeiro «virtual safety car» que ajudou a redesenhar o filme da corrida. Este foi aproveitado por Max Verstappen para ir a uma segunda paragem para montar pneus duros novos e Sergio Perez também foi à ‘box’. Hamilton não o fez, viu Verstappen passar de sete para 20 segundos de distância, mas com o senão de o holandês ter acabado por beneficiar de uma paragem de borla com o «virtual safety car».
A decisão
«Não vou ser capaz de manter este ritmo», dizia Hamilton, enquanto Verstappen reduzia rapidamente a diferença, de 20 para 15 segundos. Porém, Hamilton foi conseguindo uma boa gestão de pneus e, a cinco voltas do fim, o heptacampeão do mundo tinha 11 segundos de vantagem e o título na mão… até ao despiste de Latifi. «Inacreditável», dizia Hamilton, notoriamente desconsolado e em xeque, caso a corrida recomeçasse normalmente com o pelotão compacto.
A Red Bull conseguiu aproveitar essa nova situação de corrida para ir às ‘boxes’ e, depois da tensão total com a hipótese de a mesma acabar nessa condição e de também ter tido dada uma ordem de que não havia ultrapassagens, houve mesmo recomeço normal para a última volta e Verstappen conseguiu a ultrapassagem e o agarrar do seu primeiro título na carreira.