Fábio Faria anunciou nesta sexta-feira que decidiu colocar um ponto final na sua carreira, aos 23 anos. O defesa, que estava ainda ligado ao Benfica e está afastado dos relvados há um ano, desde que sofreu uma alteração cardíaca em campo, diz que é «mais importante a vida» do que o futebol.
As primeiras palavras foram interrompidas pelas lágrimas. Fábio Faria tentava explicar-se, mas uma vida liga ao futebol levaram-no ao choro, afinal, é uma carreira e muitas ilusões que ficam para trás.
Mais tarde, mais calmo, o defesa admitiu: «Custou muito. Tive o apoio dos meus pais, da minha namorada, da família, do Benfica, que foi excecional, e do Rio Ave, que é o clube da minha terra. A vida é assim. Os últimos exames não correram como esperava. O mais seguro é deixar o futebol, a vida é mais importante.»
O anúncio foi feito na sede do Sindicato dos jogadores, com a presença dos presidentes do Benfica, do Rio Ave e da Liga de clubes, além do pai de Fábio Faria e do representante do seu empresário. O presidente da Federação tinha presença prevista, mas não chegou a tempo, por estar numa reunião.
Ainda assim, não faltou apoio a Fábio Faria, num dia que considerou «muito triste».
Luís Filipe Vieira disse que o Benfica «vai cumprir religiosamente o contrato com o Fábio Faria até 2015» e que o jogador «vai ser alvo de uma pequena homenagem no próximo jogo». Apesar de pouco ter jogado com a camisola encarnada, Vieira quis deixar claro que o defesa é jogador do clube.
«Se alguma porta não se abrir, a do Benfica estará aberta»
«Quero dizer-lhe que conta com o Benfica, porque desempregado não vai ficar», garantiu o líder da Luz. Luís Filipe Vieira assumiu que respeitar o contrato com Fábio Faria «é uma das maneiras para ajudar» o jogador, para depois sublinhar que «a federação também poderá ter uma palavra».
O presidente do Benfica foi até mais longe: «Se alguma porta não se abrir, a do Benfica está aberta. Será assim enquanto eu estiver no futebol, com qualquer jogador do Benfica.»
O problema de saúde de Fábio Faria foi detetado depois de um encontro entre o Rio Ave, onde jogava por empréstimo, e o Moreirense, em fevereiro de 2012, quando o jogador teve de abandonar o campo devido a uma indisposição.
Quanto ao problema em si, o próprio jogador não soube explicar. «Há um mês percebi que tinha de parar, quando fiz uma prova de esforço. Não adiantava mais. O que é? É um problema cardíaco, nem eu sei dizer bem o que é.»
Agora é altura de olhar para o futuro. Enquanto o sindicato lançou um alerta aos futebolistas, para terem cuidado na gestão da carreira, Fábio Faria falou da meta que tem agora.
«Gostava de ficar no futebol, para já estou a pensar tirar um curso de gestão desportiva, é isso que tenho em mente», concluiu.
Para já despede-se dos relvados, com «um abraço do tamanho do seu futebol», enviado pela voz do presidente do Sindicato dos Jogadores.