Sabes o que são memes, Emir? Aquelas imagens, a gozar connosco, que circulam nas redes sociais. Até já há páginas onde se podem gerar e em minutos, vê tu o cúmulo! Gerar e partilhar, até ao infinito. Tornam-se virais numa espiral demoníaca, perseguem-nos para toda a parte. Massacram-nos. Corroem-nos. Devoram-nos por dentro. Nós, que nos metemos a jeito, vamos ser alvo de chacota por todo o mundo. Antes isso que uma lesão, é verdade! Mas tu, Emir, tu o grande capitão Spahic, já devias estar avisado. Onde estavas tu? Tanto nós precisávamos de um defesa experimentado, que já pisou tantos tapetes, quando um comboio vem na sua direcção? Um comboio que cresce à medida que se aproxima até que nos atropela fatalmente? Só tínhamos de o confundir, de o aguentar, de esperar que enjoasse, que voltasse a ser traído pelo esófago e pela ansiedade. Sim, que vomitasse! Raios, não te lembras do que disse o pai dele? Eu corria atrás, a persegui-lo. Eu, Besic, que recusei a Alemanha quando era puto para viver isto, estava a empurrá-lo para ti. Pronto, talvez não, mas ele estava a ir para os teus lados. E onde estavas tu, capitão? Veio o Bicakcic e nem nas ruas de Berlim, quando era um kinder, vi coisa tão parva. Ou na Bósnia, quando voltei a terra dos meus pais. Mas eu sou novo, eu sei. Chocámos e os flashes dispararam e temo o pior. Vão pôr-nos a jogar ao eixo ou algo terrível, não vão ter pudor. Não fomos os primeiros, não seremos os últimos. Já meia-equipa do Getafe, e quase todas as outras do mundo tinham tropeçado no ridículo. É o Messi, meu! Tu sabes, o Messi... Só tínhamos de cair de pé, e não esbarrarmos em nós mesmos. Pelo menos, a ele já não devemos defrontar outra vez. E se defrontarmos, vê se tiras o
Bicakcic
da frente. Dele e de mim!
Olha para isto!
«Não crucifiquem mais o Barbosa» é um espaço de opinião/crónica da autoria de Luís Mateus, subdiretor do Maisfutebol, que aqui escreve todos os dias durante o Campeonato do Mundo.
É inspirado em Moacir Barbosa, guarda-redes do Brasil em 1950 e réu do «Maracanazo». O jornalista é também responsável pelas crónicas de «Era Capaz de Viver na Bombonera», publicadas quinzenalmente na
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