Casa Pia e Farense dividiram pontos no reencontro em Rio Maior, a propósito da 11.ª ronda da Liga. Na tarde deste sábado, num encontro morno, o golaço de Elves Baldé e a resposta de Cassiano foram raros momentos de emoção.

De forma a retomar a via dos pontos, Tozé Marreco adaptou o sistema tático e apostou em Merghem, a fim de colmatar a ausência do castigado Ângelo Neto.

Por sua vez, João Pereira mudou duas peças face ao empate em Vila do Conde, entregando a titularidade a André Geraldes e Rafael Brito, em detrimento de Larrazabal e Telasco.

Recorde o filme deste encontro.

Enquanto o Casa Pia se acomodava em zona adiantada, Elves Baldé agarrou-se à fé para cedo assinar um dos momentos da época. Sem tirar os olhos do esférico, o avançado do Farense não avisou do remate a desferir a meio-campo.

Num tiro pleno de intenção, o avançado guineense estreou-se a marcar, promovendo o delírio entre as dezenas de adeptos dos algarvios.

Enquanto a festa prosseguia na bancada – um duelo no qual o Farense não conheceu adversário – o Casa Pia retomou a batuta, embatendo sucessivamente na tranquilidade da defesa forasteira.

Até que, em cima da meia hora, num lance aparentemente controlado, Marco Moreno carregou Nuno Moreira em falta, na área. Assim, agradecendo a oportunidade caída do céu, Cassiano assinou o quarto golo na Liga.

Entretanto, e com o encontro em queda de ritmo, soou o apito para o intervalo. O silêncio havia regressado às bancadas, como é apanágio em Rio Maior.

Farense compacto atrás, mas errático na frente

Ao contrário do primeiro tempo, a etapa complementar arrancou com o Farense na mó de cima. Aos 52m, PV viu o segundo golo dos algarvios negado por Patrick Sequeira, num momento de reflexos de lince.

Entre trocas, apenas Leonardo Lelo e Nuno Moreira – por duas ocasiões muito próximo de assinar golaços – ameaçaram a reviravolta.

No outro lado, na sequência de um canto a favor do Farense, Zolotic desviou o esférico para o poste da própria baliza.

Por fim, aos 90+5m, quando as equipas pareciam resignadas com o empate, Jaiminho quis replicar a eficácia de Elves Baldé e contrariar as probabilidades. Seria o regresso perfeito de lesão. Todavia, perante Patrick Sequeira, o avançado colocou mal a bola, rematando ao lado, para desespero nas hostes algarvias.

O empate – o primeiro em duelos entre «Gansos» e «Leões» – mantém o Casa Pia no nono lugar, com 13 pontos.

Depois da pausa para seleções, o Casa Pia receberá o Desp. Chaves a 23 de novembro, na quarta eliminatória da Taça de Portugal. Quanto à Liga, os «Gansos» visitarão o FC Porto a 2 de dezembro.

Por sua vez, o Farense é último (18.º), com cinco pontos, a dois da linha de água (Arouca, 16.º).

No calendário dos «Leões de Faro» segue-se a visita a Arouca, a 23 de novembro, para a Taça. Depois, os algarvios receberão o Estrela (17.º), a 29 de novembro.

A Figura: Elves Baldé, minuto 7

Contrariar as probabilidades faz parte da missão dos avançados, sobretudo nos momentos de eficácia superlativa. Ora, contrariar a toada do encontro e assinar um golo olímpico está apenas ao alcance de predestinados. E Baldé é esse jogador.

Depois de somar créditos enquanto suplente utilizado, o avançado guineense estreou-se a marcar com estrondo, para loucura dos adeptos do Farense. Aliás, não é a primeira vez que Baldé assina um golo de distância improvável.

Está de pedra e cal no onze de Tozé Marreco, talhado para momentos improváveis, de transição e decisivos. Estas caraterísticas devem ser estudadas por outro avançado, Jaiminho, que protagonizou uma perdida terrível aos 90+5m.

O momento: Nuno Moreira almejou a reviravolta, 83 e 90+2m

O mais inconformado no Casa Pia, o líder da transição e da organização no último terço. Primeiro com um arco desferido a partir da lateral esquerda, depois com um toque de calcanhar, Nuno Moreira esteve próximo de anotar dois golos de encher o olho. Mas, esta tarde não estava destinado.

Negativo: passividade e empate

Depois de uma primeira parte morna e sonolenta, a etapa complementar foi intermitente, pelo que resta a ideia de que Tozé Marreco teve receio de perder o ponto.

Quanto a João Pereira, terá faltado audácia para arriscar e desfazer as dúvidas, pressionar o adversário e capitalizar o domínio. O empate justifica-se, mas escasseou emoção.