Toda a gente tinha noção do quão difícil seria. Mas sabe aquela esperança, que por mais ténue que seja, é o motor de qualquer adepto?

Só a ela se podiam agarrar hoje os farenses. A época tem sido desastrosa; foram desperdiçadas, pelo menos, duas boas chances contra adversários diretos, mas quem sabe? Não é o futebol pródigo em surpresas?

Este desporto é assim mesmo: muitas vezes cruel, mas, noutras tantas, belo e emocionante. Que o digam esses adeptos que hoje, movidos por essa leve crença, ainda se deslocaram ao São Luís. E saíram de lá de sorriso no rosto, ainda esperançados em conseguir a manutenção na I Liga.

O Farense esteve a perder, mas ganhou por 2-1 frente ao Famalicão, com um golo já no período de descontos.

O jogo foi, de resto, um bom espelho da temporada do Farense. Por mais que tentem, por mais que criem, por mais que lutem (ou deem ares disso), os algarvios vivem, acima de tudo, da raça. E paradoxo dos paradoxos, a jogar em casa, tudo tem sido ainda mais difícil.

O Farense começou melhor, entrou com vontade e até poderia ter marcado logo nos primeiros minutos. Ambas as ocasiões estiveram “na cabeça” de Cláudio Falcão.

Mas o Famalicão foi muito mais eficaz: na primeira chance, a equipa de Hugo Oliveira chegou ao golo. Gustavo Sá fez um grande passe a isolar Elisor que, perante Kaique, não falhou (30m).

O que já era difícil, pior ficou. Em abono da verdade, o desânimo era geral e sentia-se no São Luís. Até que, no último lance da primeira parte, o Farense chegou ao empate, por intermédio de Filipe Soares, após um passe de Cláudio Falcão.

Renovou-se a esperança: a segunda parte prometia e, acima de tudo, exigia a um aflito Farense que partisse para cima do adversário.

Tal não aconteceu: o segundo tempo foi jogado a um ritmo mais baixo do que o primeiro e, exceção a um remate ao minuto 78, de Rui Costa nenhuma das equipas criou verdadeiro perigo.

Tozé Marreco bem tentou: lançou Marco Matias, Bermejo, Poveda e até o central Raul Silva entrou para ponta de lança.

Parecia que nada seria suficiente. Só que, no primeiro minuto do período de descontos, Dario Poveda recebeu um passe no meio-campo, driblou alguns metros e, do meio da rua, marcou um golaço.

O Farense ganhou, igualou o AVS, no 16º lugar (play-off) e, sim, a duas jornadas do fim, a esperança ainda é algarvia.

A FIGURA: Dario Poveda

Não há outra hipótese. Dario Poveda não tem feito, de todo, uma boa época ao serviço do Farense. Mas hoje fez aquilo que qualquer ponta de lança deve fazer: aparecer nos momentos cruciais da equipa. Um golaço do ponta de lança espanhol deu a vitória ao Farense e permite ainda sonhar para a manutenção da turma algarvia na I Liga.

O MOMENTO: Vai já daqui, pensou Dario (90+1m)

O empate parecia ser o mais certo: o Farense tentava mais com o coração do que com a cabeça chegar a um golo que desse uma vitória fundamental para ainda sonhar com a manutenção. Ele apareceu devido a Dario Poveda, um suplente que hoje foi de luxo. Foi a explosão de alegria no São Luís.

POSITIVO: Gustavo Sá

Não engana: é craque. Gustavo Sá foi um dos melhores do lado do Famalicão, comandando o meio campo da equipa de Hugo Oliveira. Ao excelente toque de bola, alia uma qualidade de passe e visão de jogo notáveis, como ficou demonstrado no São Luís. A assistência para o golo de Elisor foi dele.