Talvez não houvesse mesmo outra maneira. No fundo, o que se passou hoje, no relvado do Estádio São Luís, nada mais foi do que um espelho da época do Farense. Quase sempre que tiveram momentos cruciais, os algarvios sucumbiram.

Hoje, a equipa de Faro teve tudo na mão, mas ficou a um golo de garantir, pelo menos, o play-off de despromoção. A conjugação de resultados, com AVS e Estrela da Amadora, era difícil, mas aconteceu. Ambos perderam.

Só que faltou o essencial: o Farense fazer a sua parte. A equipa de Tozé Marreco perdeu por 1-2 e desceu à II Liga. Já o Santa Clara garantiu o 5º lugar e a ida, na próxima época, à Liga Conferência.  

Esta foi uma verdadeira montanha-russa, uma tarde “à antiga” em que se jogou em vários campos ao mesmo tempo, de ouvidos colados na rádio ou olhos nos telemóveis…

Perante um estádio bem composto, apesar de também ser tarde de decisão do campeão nacional, Farense e Santa Clara entraram receosos. À exceção dos dois golos, pouco mais de relevo aconteceu na primeira parte.

Como se disse acima, este foi um jogo que extravasou em muito o Algarve. A meio da primeira parte, as boas notícias sucediam-se para o Farense: o Estrela da Amadora perdia, o AVS, idem.

Ao Farense bastava o golo… mas ele surgiu para o Santa Clara, num livre muito bem batido por Gabriel Silva à entrada da área (42m). Foi um autêntico balde de água gelada que o Farense soube contornar, porém, no último lance do primeiro tempo.

Chamado pelo VAR, Cláudio Pereira assinalou um penálti para os algarvios que Ângelo Neto converteu.

Com o empate, o Farense voltava a estar em lugar de play-off e a segunda parte prometia. É que, caso ganhassem, os algarvios até poderiam conseguir mesmo a manutenção já hoje.

Mas, lá está, a equipa voltou a vacilar. Logo a abrir o tempo complementar, o Santa Clara marcou, num lance em que Serginho foi passando por vários jogadores, ganhou um ressalto, entrou na área e atirou a contar (48m).

Ainda havia muito para jogar, mas o Farense raramente criou verdadeiro perigo junto da baliza adversária. Os minutos foram passando, Tozé Marreco lançou Yusupha, Bermejo, o central Raul Silva acabou a ponta de lança… mas não havia volta a dar.

Depois de ter subido em 2023, e de se ter aguentado na época passada, o Farense viu carimbada a descida à II Liga. E, no São Luís, reinou o silêncio.

A FIGURA: Gabriel Silva

Só pelo primeiro golo merecia o destaque, mas Gabriel Silva foi mais do que só esse belo livre batido sem hipóteses para Kaique. O extremo do Santa Clara esteve sempre em evidência, dando muito trabalho aos médios e defesas do Farense. Ao longo do campeonato, foi uma das figuras de um Santa Clara que terminou a temporada no 5º lugar.

O MOMENTO: Serginho da Europa (48m)

O Farense tinha conseguido o empate no último lance da primeira parte e esperava-se que, na segunda, carregasse em busca do golo da vitória. Nada mais errado: pouco se viu dos algarvios. Já o Santa Clara marcou logo a abrir, num lance em que Serginho viu a insistência premiada. O golo, aos 48 minutos, acabaria por resolver o jogo.

NEGATIVO: Falta de agressividade do Farense

De uma equipa que sofre um golo no início da segunda parte e que sabe que precisa, pelo menos, de um empate, espera-se muito mais. O Farense nunca levou verdadeiro perigo à baliza do Santa Clara e ficou a um ponto de conseguir o play-off. Toda a época do Farense, a jogar em casa, foi uma autêntica lástima.