O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

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HUGO FARIA, ENOSIS NEON (CHIPRE):

«Olá a todos de novo.

Desta vez venho-vos falar um pouco do que têm sido estes últimos 4 anos no Chipre, mais propriamente em Paralmini, onde represento o Enosis.

Como referi anteriormente cheguei ao Chipre na época 2008/2009 vindo do União de Leiria. Quando chequei, já cá estavam alguns jogadores portugueses e por isso a adaptação não foi assim tão dificil. O povo desta cidade e do clube também trataram de me acolher da melhor maneira possível.

Estou no mesmo clube desde que cheguei. Aqui já tive mais de 7 treinadores nestas últimas 4 épocas, é impressionante a rapidez com que se muda de treinador, sempre à procura da perfeição, e quanto a transferências de colegas de equipa, então nem se fala. Foram muitos mesmo. E eu por aqui me tenho mantido.

Na verdade, Paralimni é um lugar bom para se viver e jogar. A cidade não é muito grande e as pessoas até são acolhedoras e simpáticas de um modo geral. Como o meio é pequeno todos reconhecem os jogadores da equipa, o que pode ser bom e mau. O estádio é razoavelmente bom e temos muito boas condições de trabalho.

Mas nem sempre foi facil, principalmente no ano em que aqui cheguei. Os resultados nesse ano nao foram os esperados visto que tinham reforçado a equipa e a fasquia tinha-se elevado. O objetivo era que que atingissemos o 4º lugar e ir o mais longe possivel na Taça, o que não se verificou. Chegámos a ter de lutar pela manuntenção e na Taça ficámos a meio.

As últimas três épocas já correram melhor, ficando por duas vezes em 6º lugar. O ultimo ano, embora estivessemos no grupo de descida, não foi tão dificil como o primeiro ano.

A nivel pessoal estas 4 épocas foram positivas, tendo jogado com regularidade. Não fossem os cartões amarelos e as suas regras e teria jogado muito mais. Aqui no

Chipre, as regras são diferentes de Portugal.

Aqui no Chipre, ao quarto amarelo já se fica suspenso. Até ao 10º amarelo, a cada dois cartões dá direito a um jogo de suspensão. E do 10º amarelo para a frente, cada amarelo equivale a um jogo de castigo! Não podemos esquecer que temos um campeonato com 26 jogos mas 6 na fase de grupos!



É algo estranho e difícil para aqueles jogadores mais agressivos mas, digo eu, é uma questão de hábito.



De resto, o único senão são mesmo os golos. Gostaria de ter marcado mais mas até ao momento não foi possivel. Para falar a verdade nunca fui jogador de marcar golos e aqui confirma-se: 2 golos em 4 épocas. Nao é muito mas vivo bem com isso.

Até tenho algumas apostas valiosas de pé para quando marcar esta época e a equipa vencer! O que quem apostou nisso não sabe é que estou a deixar aumentar a parada e esperar pelo momento certo para ficar rico com um simples golo!

Fora de brincadeiras, é um ponto em que tenho de melhorar. Não sei se vou a tempo mas vou tentar.

Estou agora na minha quinta época e em termos desportivos a equipa está bem. Economicamente, de um modo geral, os clubes atravessam um periodo dificil, e o

meu clube não é exceção.

Os salários estão a atrasar com frequência e até já tomámos algumas medidas para tentar prevenir essa situação, mas a verdade é que está dificil.

Isto é uma surpresa para mim, já que nos ultimos 4 anos nunca tive qualquer problema com salários ou prémios em atraso. Acreditamos na direcção e vamos esperar que se resolva o mais rapido possivel. A nós resta-nos provar a nossa qualidade dentro do campo.

Um forte abraço, desejando a todos um Feliz Natal!

Hugo Faria»