O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. É isso que farão daqui para a frente:
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«Olá. Chamo-me Fausto Lourenço, tenho 25 anos e nasci em Miranda do Corvo, uma pequena vila no centro de Portugal, distrito de Coimbra! A minha formação passou pelo clube da minha terra, o Mirandense, depois a Académica e o F.C. Porto. Durante esta fase de formação integrei sempre as selecções jovens, tanto a nível distrital como nacional (35 internacionalizações).
No escalão sénior passei pela Académica, Tourizense e Anadia (2ª divisão). Iniciei a minha carreira no estrangeiro no Lokomotiv Mezdra (1ª liga búlgara). No ano seguinte, tive oportunidade de ir jogar para o Chipre, no Onisilos (2ª liga). Foi uma experiencia agradável, senti-me bem, deram-me confiança, demonstraram que era parte importante do projecto do clube e fizeram com que voltasse a sentir alegria em fazer aquilo que mais gosto.
Tive um convite irrecusável do Neuchatel Xamax (1ª liga suíça) e essa até agora foi a experiência mais agradável: é um país muito organizado, com boas condições económicas, a cidade era óptima, com boa hospitalidade e relativamente ao futebol as condições de treino eram magníficas. O campeonato era competitivo e com muita visibilidade. Participei na final da Taça da Suíça, a qual infelizmente não ganhei!
Voltei a Portugal para representar o Leixões, um enorme clube, não só pela sua história, mas também pela massa associativa que tem. Na época que passou aprendi a dar a vida pelo clube, como a gente de Matosinhos o faz. É um clube que faz falta à 1ª liga portuguesa.
Atualmente jogo no FK Atyrau (Cazaquistão) e tenho contrato até Dezembro de 2013. É mais um desafio a que me propus e que tenho lutado todos os dias para que corra bem! Não vale a pena dizer que «quero que corra bem», tem de se trabalhar para que as coisas aconteçam! A equipa tem qualidade e tenho jogado sempre, o que é importante. A grande diferença em relação ao campeonato português é que aqui começa em março e termina em outubro.
O país é bastante diferente do nosso mas surpreendeu-me pela positiva, algumas cidades são fantásticas! É um país com poucas zonas verdes e tem uma grande amplitude térmica: no verão (40º C) e no inverno (-30º C)! Faz-me confusão a língua e as cidades serem muitos distantes, sendo que viajamos de avião quando jogamos fora. Mas é como sempre disse, a vida é curta e todas as experiências são enriquecedoras e esta não fugirá à regra!
Sendo já o quarto ano longe de Portugal e a terceira vez que participo numa 1ª liga a nível Europeu, faço um balanço positivo da minha vida no estrangeiro. Saí cedo não porque goste de estar longe dos meus e do meu país, mas sim à procura de melhores condições que neste momento em Portugal são impossíveis! Recebi propostas de clubes portugueses que não chegam a um terço do que recebo aqui. É verdade que o dinheiro não é o mais importante para a felicidade mas tenho uma carreira curta e, se não ganhar dinheiro agora, quando ganharei???!!!
Queria finalizar agradecendo o convite do Maisfutebol para participar nesta iniciativa. Julgo ser importante haver um espaço para a partilha de experiências dos jogadores portugueses que decidiram arriscar e estão atualmente no estrangeiro a fazer aquilo que mais gostam de fazer: jogar futebol a nível profissional! Acima de tudo, somos portugueses e levamos a bandeira de Portugal a todos os cantos do mundo!
Muito obrigado.»