Um Dragão de segundas núpcias, a responder melhor depois de renovar votos ao intervalo. Aconteceu o mesmo em Borisov, aliás, frente ao BATE. Goleada expressiva do FC Porto sem evidenciar as dificuldades sentidas na primeira hora. O Rio Ave meteu água, literalmente, no setor defensivo e abriu caminho para a enxurrada azul e branca (5-0). Ou rosa, a cor dominante neste domingo. 

Cristian Tello inaugurou a contagem logo após o intervalo e Jackson Martínez marcou o golo da ordem. Ao cair do pano, obrigando os adeptos a ficar no estádio até final, três festejos em escassos minutos. Alex Sandro – com felicidade -, Óliver Torres e Danilo (no melhor golo da noite) a construir o resultado mais dilatado do FC Porto em casa, na Liga.

Destaques: o melhor Danilo de sempre

Julen Lopetegui resistiu à variação tática apresentada na visita ao Estoril (2-2) e fez apenas uma alteração no onze do FC Porto. Uma solução de continuidade, colocando o motivado Cristian Tello – marcou o seu primeiro golo em Borisov – no lugar de Ricardo Quaresma. Ivan Marcano voltou a fazer dupla com Martins Indi no centro da defesa.

Héctor Herrera, decisivo na Liga dos Campeões, surgiu desde logo numa linha mais adiantada, deixando para Óliver a missão de apoio a Casemiro e participação decisiva na primeira fase de construção de jogo.

O FC Porto entrou melhor perante um Rio Ave que tudo mudou em relação a Kiev. Julen Lopetegui previra isso mesmo e as declarações do técnico espanhol não agradaram a Pedro Martins, que voltou a lamentar a calendarização dos jogos de equipas que participam na Liga Europa.

Pedro Martins, aliás, chegou a dizer que os dragões não sabiam o que era disputar jogos com 72 horas de diferença, esquecendo-se que o FC Porto disputou essa competição e enfrentou o mesmo cenário. A crítica fazia sentido mas ultrapassou o limite razoável.

Três resistentes no onze do Rio Ave

O Rio Ave, sem hipóteses de seguir em frente nas competições europeias, surgiu com um onze alternativo no reduto do Dínamo Kiev (2-0) e poupou algumas unidades importantes para o campeonato nacional, naturalmente. Oito alterações para a visita ao Estádio do Dragão, sobrando os resistentes Lionn (81 minutos em Kiev), Tiago Pinto (90) e Pedro Moreira (90). Ukra (29), Diego Lopes (28) e Marcelo (9) foram suplentes utilizados na Liga Europa.

A formação de Vila do Conde chegou a Portugal às quatro da manhã de sexta-feira, de qualquer forma, e seria natural acusar o desgaste ao longo do encontro. Isso foi evidente apenas na última fase do encontro, mas o cansaço psicológico sobrepôs-se à carga física.

Confira a Ficha de jogo

O FC Porto - que jogou na terça-feira em Borisov - entrou melhor, é certo, e criou três oportunidades de golo nos primeiros minutos. Danilo, extremamente ativo em missões ofensivas, fez dois remates perigosos e, pelo meio, Tello semeou o pânico na área do Rio Ave.

O efeito não se prolongou e a equipa visitante conseguiu baixar o ritmo de jogo, ganhando confiança a meio da primeira parte. Em cima do intervalo, Zeegelaar cruzou na esquerda para remate de primeira de Ukra, sem direção. Reflexo de uma etapa sem ascendente claro dos dragões.

Tello a abrir caminho no regresso à esquerda

Cristian Tello iniciara bem o encontro à esquerda mas baixou de rendimento quando trocou de flanco com Brahimi. No reatamento, voltou a surgir na ala canhota e seria ele a desfazer o nulo após a pressão alta coletiva, provocando o erro do adversário. Jackson incomodou Marcelo, Óliver recuperou e serviu Tello, este bateu Lionn e Cássio num belo movimento.

O espanhol, que se estreara a marcar em Borisov, fazia o segundo golo consecutivo. O Rio Ave subiu linhas de imediato e pode queixar-se de uma grande penalidade que terá ficado por marcar na sequência de um pontapé de canto. Cruzamento de Ukra, bola a embater no braço de Héctor Herrera. A equipa de arbitragem decidiu-se por novo canto.

Julen Lopetegui sentia que o FC Porto não podia correr riscos perante um adversário irreverente e tirou o desinspirado Brahimi para ganhar a batalha a meio-campo com Rúben Neves. Os dragões melhoraram a partir desse momento e ameaçaram o segundo golo, que chegariam apenas ao minuto 77.

Jackson Martínez aproveitou nova falha defensiva do Rio Ave. Passe de Prince intercetado por Tello, o colombiano a trabalhar e a rematar cruzado, de pé esquerdo, à entrada da área. Oitavo golo na Liga, igualando Talisca e Maazou no topo da lista de goleadores.

A goleada na hora da despedida

Pedro Martins foi mexendo em busca de algo mais, os visitantes tiveram ainda uma bola no poste mas seria o FC Porto a marcar novamente, por três vezes, ao cair do pano. Primeiro num desvio feliz de Alex Sandro, depois por Óliver após grande passe de Quintero. Por fim, um aoberbo remate de Danilo – o melhor em campo – com o pé esquerdo. Golaço!

Triunfo justo mas por números exagerados. O resultado não espelha as dificuldades sentidas pela formação portista na primeira hora de jogo.