Aos 23 anos, David Carmo vive um dos momentos mais altos da carreira, se não mesmo o melhor, depois de concretizada a transferência para o FC Porto.

Em entrevista à revista Dragões, o defesa-central recordou, curiosamente, o passado de águia ao peito, quando representou o Benfica na formação.

«Tive um atraso no crescimento e fiquei para trás em termos físicos em relação aos meus colegas. Admito que não estava ao mesmo nível e, se calhar, ter saído de lá [Benfica] foi a melhor coisa que me aconteceu», começou por dizer.

«Se me deixou muito abalado? Fiquei nos primeiros meses. Passava lá os dias todos, a minha vida era aquilo, os meus amigos também… custou-me muito, mas mais pelo lado de fora do futebol», afirmou, falando depois sobre a vida no Seixal: «Fui sozinho para o Centro de Estágio do Seixal e foi um choque. Miúdos de 11 e 12 anos pensam em futebol e amigos e aquilo abriu-me os olhos para a importância da família. Liguei muitas vezes para casa a pedir por favor para me irem buscar, quando os dias não corriam tão bem. Mas o meu pai perguntava-me sempre uma última vez quando já estava dentro do carro pronto a arrancar para Lisboa e eu acabava sempre por dizer que não, que não era preciso e que me bastava falar um bocado com eles para que as coisas melhorassem.»

Contratado por 20 milhões de euros, David Carmo é a transferência mais cara da história entre clubes portugueses. Isso, no entanto, não o assusta.

«É uma pressão que me traz motivação. É uma responsabilidade e ainda bem que a sinto, porque não me deixa facilitar. Com a lesão ganhei muitas coisas em relação a isso, aprendi a ter prazer no que estou a fazer e a dar valor à sorte que temos de fazer o que gostamos. Vejo mais isso como uma motivação e uma responsabilidade boa», garantiu.

«Acho que o mister Sérgio Conceição tem mais aquela ideia de não facilitar nada, seja aqui dentro ou fora de campo. Seja no hotel durante o estágio, no hotel, durante a pré-época no Algarve… acho que todos os momentos contam e acredito muito, muito mesmo na filosofia dele de que a sorte dá muito trabalho. Também vivo sob esse lema e estou muito feliz por poder trabalhar com ele», prosseguiu, depois sobre os primeiros dias sob o comando de Sérgio Conceição.

No Dragão, Carmo foi recebido de forma especial por Diogo Costa: «Peça amizade que já tínhamos, ajudou-me em tudo, não só aqui dentro como lá fora. A procurar casa, a conhecer a cidade, tudo o que possam pensar. Aqui disse-me como funcionam as coisas com o mister, quais as rotinas da equipa, e ajudou-me a encaixar melhor.»