O internacional português Pepe renovou contrato com o FC Porto até 2024, prolongando a ligação com os azuis e brancos até aos 41 anos. O central cumpre nesta altura a oitava época no clube, a quinta consecutiva com Sérgio Conceição, depois do regresso a meio da época 2018/19.

Antes disso, a aventura de Pepe nos dragões começou no verão de 2004, quando chegou ao Dragão oriundo do Marítimo, para um clube que tinha acabado de ser campeão europeu. Na primeira época, em 2004/05, com os treinadores Víctor Fernández e José Couceiro, fez 22 jogos e um golo, festejou a conquista da Taça Intercontinental, mas só ganhou verdadeiro estatuto de indiscutível na defesa portista em 2005/06, com Co Adriaanse: o neerlandês implementou o sistema de três defesas, conduziu a equipa ao título nacional e à Taça de Portugal e teve em Pepe um dos pilares no eixo defensivo (33 jogos, três golos).

Em declarações ao Maisfutebol, a partir dos Países Baixos, o antigo técnico dos dragões, agora com 75 anos, destaca o rapaz que, na altura com 22 anos, queria «aprender muito» e «era aberto a tudo».

«A especialidade dele era o discurso e, como defesa, claro, tens de ser rápido; e ele era um bom cabeceador na defesa, mas também no ataque. Era disciplinado e sabia defender muito espaço, porque eu só jogava com três defesas e, no meio, ele era muito bom. Desenvolveu-se muito, é por isso que ainda está a jogar. Podem ver que ele tem 40 anos e talvez esteja ainda melhor, porque está a cometer menos faltas. No passado teve muitos cartões amarelos, às vezes alguns vermelhos, mas agora mostra mais experiência e disciplina. Por isso, consigo entender que o senhor Pinto da Costa tenha considerado prolongar-lhe o contrato. Tens de olhar à idade, 41 anos, mas, se ele quer e eu quero, porque não?», afirma Co Adriaanse, ao Maisfutebol, esta manhã, um dia depois de, na renovação de contrato, o dirigente do clube ter considerado Pepe o melhor central da história do FC Porto.

«Lançar Pepe? Foi uma decisão muito importante»

Pepe ficou no banco nos primeiros três jogos do campeonato em 2005/06 e fez apenas o primeiro jogo com Co Adriaanse na Liga dos Campeões, a lateral-direito, na derrota por 3-2 na Escócia ante o Rangers, a 13 de setembro de 2005. E bisou! O neerlandês tem memórias desse jogo, embora não dos «detalhes». Afinal, «já foi há muito tempo». Porém, recorda a importante decisão de apostar em Pepe na equipa principal azul e branca.

«Foi uma decisão muito importante, eu via-o nas sessões de treino e estava muito entusiasmado com ele. Desde que decidi colocá-lo na equipa principal, penso que nunca saiu depois dessa decisão. Ele ajudou-nos muito a sermos campeões e a vencermos a Taça», sublinha, falando que, apesar de ainda jovem, Pepe acabou por ser nessa altura um «exemplo».

«Ele era inexperiente, novo, jovem na equipa principal. Acho que, nesse sentido, estás ocupado com a tua própria tarefa: não és um líder, mas podes ser um líder se estiveres sempre a treinar bem, se deres 100 por cento nos treinos e nos jogos. E é por isso que ele também foi um exemplo para a equipa», observa o neerlandês, que saiu do FC Porto antes do início da época 2006/07, na pré-época.

Sobre se imaginava que Pepe poderia jogar até aos 40 ou mais anos e as razões para a longa carreira, Adriaanse salienta a importância de não haver lesões e também o caráter do central dentro do FC Porto.

«Ele tem de ter sorte com o corpo, não se lesiona muitas vezes. Mas isso é porque ele gosta da profissão, gosta de jogar futebol, dá sempre 100 por cento nos treinos. É mais inteligente nos duelos, não se lesiona por causa de ações estúpidas. Com a sua experiência e disciplina, espera o momento certo para executar a ação defensiva, tem muito respeito no clube e também acho que é boa pessoa, um homem muito bom no clube e na equipa», avaliou.

«No aeroporto estava sempre a tocar música»

Fora dos relvados, Co Adriaanse recorda ainda episódios em que Pepe nutria um gosto especial pela música, sobretudo quando a equipa esperava por voos nos aeroportos.

«Eu lembro-me de que tínhamos de esperar pelos voos no aeroporto e ele estava sentado no meio da multidão com os amigos brasileiros sempre a tocar música, com pandeiro, com flauta, a cantar… Foi sempre um prazer trabalhar com ele», recordou, ainda.

Depois de ter conquistado os dois primeiros títulos nacionais pelo FC Porto com Co Adriaanse, Pepe fez mais uma época nos dragões antes de rumar ao Real Madrid. Em 2006/07, conquistou a Supertaça num jogo em que a equipa foi orientada por Rui Barros após a saída de Adriaanse e foi de novo campeão, então com Jesualdo Ferreira.

Já com Conceição, Pepe somou mais sete títulos pelo FC Porto: dois campeonatos, duas Supertaças, duas Taças de Portugal e uma Taça da Liga.

Ao Maisfutebol, Adriaanse falou do que tem visto de Francisco Conceição ao serviço do Ajax e da luta pelo título em Portugal, esperando que o Benfica «perca mais pontos».