O enfarte que Iker Casillas sofreu em maio do ano passado, durante um treino no FC Porto, serviu de alerta para alguns companheiros. Pepe, na altura com 36 anos, pensou em terminar a carreira, mas mudou de ideias a conselho do antigo guardião espanhol.

«Tenho a sorte de ser amigo de muitos jogadores importantes que também foram lendas. Guardo dicas e conselhos na minha cabeça e tornam tudo um pouco mais fácil. Quando isto aconteceu comigo, há um ano e meio, Pepe, que era companheiro de equipa lá [no FC Porto], disse-me que aos 36 anos achava que era desnecessário continuar. Disse-lhe ‘Olha Pepe, enquanto estiveres bem, és um privilegiado’. Continua. E há duas semanas renovou até 2023», disse Casillas, à margem da apresentação de um documentário da Movistar + em que é protagonista.

Já recuperado do problema de saúde, o antigo guardião recordou o momento em que decidiu pendurar as luvas.

«A diferença é que depois de uma lesão sabes que vais voltar. Quando tens este problema a tua pergunta é: ‘será que vou conseguir voltar a jogar?’. Vês na cara do médico que não há cumplicidade nem confiança e é aí que começas a mudar o que pensas. Tens que te convencer. Não vai ser uma lesão de um mês. Tens que ser realista e começas a ver um possível fim de carreira no horizonte. Não te podes enganar a ti próprio», contou.

«O momento em que percebi [que devia terminar a carreira] foi seis ou sete meses depois. Era um risco pequeno, mas corria-o. Comecei a pensar num possível regresso, o que seria ótimo, algo a nível global, tive a sorte de ver o reconhecimento de todos. Mas comecei a pensar que isso tinha que acabar. Foi quando decidi concorrer às eleições para a federação espanhola e estou ciente de que, dando esse passo, o próximo é deixar o futebol», acrescentou.

Casillas confessou que «é difícil mudar o chip» e ainda não começou «a desfrutar do futebol», mas não descartou um possível regresso ao Real Madrid.

«Não se pode esconder que depois de quase 25 anos no Real Madrid, um dia poderei voltar. É uma ilusão que tenho. Posso ser útil a um clube que conheço muito bem. Gostava de voltar e transmitir os valores que me ensinaram quando era pequeno. Nunca fecharei essa porta», vincou.