Foram três épocas seguidas a vencer em Alvalade, sempre com golos de Domingos. É normal que o apelido Paciência ainda provoque más recordações, sobretudo nos adeptos do Sporting com memória mais apurada. Passaram 20 anos, mas o Clássico da próxima sexta-feira pode trazer um novo duelo com o clã Paciência e logo com um Gonçalo que, este ano... também já marcou ao Sporting.

Primeiro, os dados concretos: Sérgio Conceição confirmou que Tiquinho Soares é carta fora do baralho para o jogo desta sexta-feira. Aboubakar, por outro lado, é uma esperança e há a possibilidade de que seja a surpresa de última hora guardada pelo treinador. Se não estiver em condições físicas, é certo, avança Gonçalo Paciência.

O avançado que foi chamado de volta ao Dragão pouco depois de ter marcado o primeiro golo da carreira ao Sporting, na final da Taça da Liga, pode ter oportunidade de ressuscitar o «fantasma Paciência» junto dos leões.

A história de Domingos com o Sporting começou a escrever-se a 21 de novembro de 1993. O FC Porto de Tomislav Ivic, bicampeão em título, venceu em Alvalade com um golo do avançado logo aos 6 minutos, batendo Costinha.

Na altura, Ivic surpreendeu ao deixar de fora Kostadinov, habitual parceiro de Domingos no ataque, lançando Vinha, num onze com três centrais (Aloísio, Fernando Couto e José Carlos), outro adaptado a lateral esquerdo (Paulo Pereira), João Pinto a fechar à direita com Secretário por perto. Ao intervalo ainda trocou Vinha por Rui Filipe, outro médio, que viria a ser expulso.

No ano seguinte, a história repetiu-se. Com uma diferença significativa: o FC Porto voltou a ganhar em Alvalade por 1-0, Domingos marcou outra vez mas, agora, além da vitória, valeu o título aos dragões de Bobby Robson.

Desta feita, o golo foi apontado de penálti, que castigou falta de Iordanov sobre... Domingos. E a somar a isto, ainda com o resultado em 0-0, há um golo anulado ao FC Porto. Marcou quem? É preciso mesmo responder?

E, depois, já diz o povo: não há duas sem três. E quem diz três, diz...seis.

Em 1995/96, Domingos decidiu mais dois jogos contra o Sporting, nas Antas e em Alvalade, e ainda valeu um empate na Supertaça, que arrastou o jogo para a finalíssima. A época, de resto, começou com dois Clássicos em três dias e Domingos bisou em ambos, marcando até golos de belo efeito.

Para o campeonato, em jornada inaugural, deu a volta ao golo de Ouattara, marcando de cabeça e com uma jogada de génio, em cima da hora.

Na Supertaça, o primeiro golo de Domingos é, ainda hoje, um dos melhores da história do Clássico, numa jogada ao estilo do futebol de praia. O segundo foi apontado em nova grande penalidade. Destaque ainda para o golo do empate do Sporting, numa jogada brilhante de Ouattara.

Para fim, veio, então, o terceiro bis da temporada ao Sporting, num ano em que Domingos foi o melhor marcador do campeonato.

No início da segunda volta, o FC Porto visitou Alvalade e ganhou por 2-0, num jogo que fica para a história pelo incrível estado do terreno de jogo.

Domingos não voltou a marcar ao Sporting, até porque haveria de mudar-se para o Tenerife pouco depois e na segunda passagem pelo FC Porto não teve o mesmo rendimento. A palavra, agora, passa para o filho Gonçalo que, se Sérgio Conceição lhe der oportunidade, poderá tentar dar continuidade a um legado e ressuscitar um fantasma adormecido.