Iker Casillas admitiu que está a viver, aos 35 anos, uma das melhores épocas da carreira.

«Se nos referirmos a números, sim, e se nos referirmos a sensações também. Não é fácil que com 35 anos estejas bem e é certo que o tenho conseguido. Não sei se será da francesinha, do bacalhau, do Vinho do Porto [risos], mas a verdade é que me sinto bem e isso faz com que eu goste de estar aqui e de participar em todos os jogos», disse o guarda-redes do FC Porto numa extensa entrevista à edição de abril da revista Dragões.

«A verdade é que esta temporada surpreendi-me a mim mesmo, já tive algumas boas, que pensava não conseguir. Aquela defesa no jogo com o Sporting no Dragão, por exemplo, ou aquele que fiz no jogo com o Desp. Chaves também no Dragão ou com o Vitória de Guimarães», acrescentou.

Para Casillas, o facto de estar agora mais enquadrado com a nova realidade acabou por ajudar. «No ano passado atravessei uma fase de mudanças tanto a nível pessoal como a nível desportivo, e claro, toda a gente faz uma análise ao que correu melhor ou pior. Creio que finalmente consegui orientar-me na cidade, no país, nos hábitos, no clube e creio que este ano estou melhor do que no ano passado, com mais confiança.»

Na mesma entrevista, o guarda-redes espanhol falou sobre a evolução do FC Porto nesta temporada. Depois de um início de ano difícil, os dragões estão agora a um ponto do líder Benfica.

«Parecia incrível, porque tínhamos oportunidades claras de golo para marcar. Foi duro, foi duro, porque deixámos escapar muitos pontos importantes e de forma injusta, como disse anteriormente. Mas a verdade é que soubemos sair dessa espiral negativa, soubemos reagir e de facto ganhámos o direito de estar a lutar pelo título», recordou Casillas, para quem o jogo com o Sp. Braga no Estádio do Dragão acabou por servir de clique para a mudança.

«Foi um jogo que está um pouco na dinâmica do resto: quatro ou cinco ocasiões de golo claras, um jogador a menos por mais que chegasses à baliza não conseguias marcar, o desespero, o tempo passa, perdas de tempo… E creio que aquele golo do Rui Pedro ao minuto 95 foi vital para romper esse momento mau», considerou.

Recorde-se que o FC Porto podia ter chegado ao clássico com o Benfica no Estádio da Luz como líder do campeonato, mas tropeçou na receção ao V. Setúbal num jogo que pôs fim a uma série de nove triunfos seguidos para a Liga.

«A que se deveu o empate? Provavelmente à pressão de ter de ganhar depois do resultado do jogo do Benfica [0-0 em Paços de Ferreira]. Creio que com 1-0 caímos na tentação de pensar que o jogo ia ser fácil e na segunda parte, como disse, sofremos o golo, ficámos um pouco parados, em estado de choque, e não soubemos reagir. Tentámos reagir, mas mais com o coração do que com a cabeça, o que fez com que ficássemos mais nervosos e a bola não entrasse.»

Casillas foi ainda desafiado a eleger o nome do sucessor dele na baliza do FC Porto e não hesitou: José Sá. «Creio que ele vai ser em breve o futuro dono da baliza do FC Porto e da seleção portuguesa, porque tem condições imensas, é portista de verdade – e isso vê-se quando conseguimos ganhar um jogo. (…) Se já lhe ensinei muito? Em relação à baliza, sim. Também tento ensiná-lo a vestir e tal, mas ele não me liga. Já lhe disse para desfazer a barba mas ele diz que faz parte da sua personalidade e continua assim», concluiu bem-disposto.