Já mais que uma vez esta temporada, Sérgio Conceição alertou para alguma falta de compromisso no plantel do FC Porto. Convidado a esclarecer o que queria dizer, o técnico dos dragões lembrou o contraste que há entre a urgência de ganhar e o tempo que os reforços precisam para se adaptarem. 

«Não é fácil chegar a um clube como o FC Porto e entrar de caras. Se calhar entrava o Ronaldo, o Messi e meia dúzia de jogadores que se contratassem, mas não é o caso. Os jogadores vêm de realidades diferentes, não conhecem nem o país nem o grupo de trabalho. É normal que exista tempo de adaptação. Em contraste, há a exigência das vitórias. No último jogo ficaram surpreendidos porque sou conservador. O que é isso? Nem no dinheiro sou conservador, quanto mais. É ser realista e perceber quem sabe o que queremos para o jogo. Não foi por acaso que nas primeiras jornadas pus os jogadores que me deram essa confiança, jogadores que trabalham comigo há alguns anos. Não tem a ver com conservadorismo, com ser mais ou menos arrojado. Treinador que joga para não perder é conservador, eu jogo sempre para ganhar, é completamente diferente», referiu, em conferência de imprensa.

Mais tarde, durante a conversa com os jornalistas, o treinador dos campeões nacionais voltou a tocar no assunto.

«Não posso querer resultados imediatos com jogadores que estão a trabalhar comigo há três ou quatro dias. Do outro lado, há a pressão da conquista dos três pontos. Há muito pouco tempo para trabalhar com os jogadores no campo. Ontem fizemos um treino de recuperação e nem estiveram todos os jogadores. Vamos passando a mensagem aos poucos e eles vão trabalhando. É difícil juntar o grupo tudo e fazer um treino coletivo. Até à próxima paragem para as seleções vamos ter cinco jogos, uns em cima dos outros. Se estivermos confortáveis num jogo e sentirmos que podemos meter alguém para que as suas sensações sejam diferentes do treino, claro que o vamos fazer. Se calhar na paragem das seleções vamos ter de arranjar adversários para metê-los a competir», disse.

Conceição admite dificuldades em treinar com a sucessão de jogos que o FC Porto terá até à próxima pausa para os compromissos internacionais. 

«É correr atrás do tempo. Entre análise do adversário, do jogo que fizemos e do próximo adversário até meter os jogadores no campo... Hoje é o dia mais difícil para quem jogou. Os jogadores estiveram parados e nós comandámos algumas situações. Não é fácil. Uma coisa é mostrar no quadro, onde milhões de treinadores podem fazê-lo, outra é a dinâmica no treino que é o que eu gosto. O importante é no campo. No quadro é muito bonito e fácil, mas não campo é que eu gosto. tem o espaço físico. É assim que se diz? Ultimamente ouço conferencias com um português tão mau», concluiu.