* com Vitor Hugo Alvarenga

Promessa adiada. O rótulo perseguiu Kelvin nos quatro anos de dragão ao peito. Trabalhou com Vitor Pereira, Paulo Fonseca, Luís Castro e Julen Lopetegui. Com nenhum foi capaz de ser presença consistente nas escolhas iniciais.

Agora no Brasil, cedido ao Palmeiras até dezembro de 2015, Kelvin fala sobre cada um dos técnicos e não esconde estar ainda muito magoado com Paulo Fonseca.

Tudo em entrevista ao Maisfutebol, a primeira a um jornal português após a saída do FC Porto.

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Quem foi o treinador que entendeu melhor o seu futebol no FC Porto?
«O Vitor Pereira, sem dúvida. Gostava do meu estilo, incentivava-me bastante, tinha longas conversas comigo sobre posicionamento tático e comportamento em campo. Nunca fui titular indiscutível com ele, mas joguei regularmente e sentia-me útil [12 jogos e 3 golos na época 2012/13]».

Tornou-se herói com o golo ao Benfica, mas depois chegou Paulo Fonseca e voltou a não ser titular. Porquê?
«Na pré-época joguei muitas vezes e disputei uma vaga com o Iturbe. Ele saiu para o Verona e pensei que o lugar seria meu. Antes da Supertaça o Fonseca falou comigo e disse-me que eu não ia ser titular [Varela e Licá jogaram de início], por opção dele. Tinham de jogar outros. Depois só joguei em outubro, na taça. Ele elogiava os meus treinos, dizia que eu estava muito melhor e nunca me convocava».

Nunca o questionou relativamente a isso?
«Sim, perguntei-lhe o que se passava, pois sentia-me bem e não havia um retorno positivo. E ele admitiu-me, olhos nos olhos, que estava a ser injusto comigo. Foi nessa altura que pedi para sair, em janeiro de 2014. O clube não deixou. Entretanto, o Fonseca saiu, entrou o Luís Castro e comecei a jogar mais vezes».

A verdade é que nunca se afirmou como titular. Encontra explicação para isso?
«Até hoje procuro uma resposta e não encontro. Sempre fui responsável e treinei no duro, nunca falhei em nada. Os meus treinadores e os meus colegas no FC Porto sabem que isto é verdade».

Lopetegui falava muito consigo na pré-época, mas também não apostou em si.
«Foi sincero comigo desde o primeiro instante. Disse-me que gostava do meu futebol, mas que tinha outras opções e que ia ser muito difícil eu jogar. Esperei por uma oportunidade, treinei sempre bem e tentei aproveitar a equipa B para ganhar confiança e ritmo. Pelo menos joguei na Liga dos Campeões [Shakhtar, no Dragão]».

Gostou de trabalhar com o Julen Lopetegui?
«Muito, mesmo sem jogar. É um excelente técnico. Tem boas ideias, trouxe bons jogadores para o clube e deu consistência à equipa. Não tenho nada a apontar-lhe, vai dar muitos títulos ao Porto».