Fernando Andrade, em entrevista à ESPN do Brasil, recorda o difícil percurso até chegar ao FC Porto e ajudar o cube do Dragão a qualificar-se para os quartos de final da Liga dos Campeões, com a grande penalidade que permitiu à equipa de Sérgio Conceição eliminar a Roma. O ponto mais alto da carreira do avançado que começou por jogar futsal e que chegou a estar sete meses desempregado.

O avançado brasileiro, contratado ao Santa Clara em janeiro, estreou-se na Liga dos Campeões em Roma (1-2), mas foi no Dragão, na segunda mão, que deixou a sua marca ao «arrancar» a grande penalidade no prolongamento que permitiu a Alex Telles dar a volta à eliminatória (3-1). «Meu sonho era estrear. Quando fui chamado para entrar no jogo, na minha cabeça só pensava: tenho que dar o meu melhor e temos que passar. Felizmente surgiu um lance comigo no fim do segundo tempo do prolongamento. Sendo sincero, poderia ter feito golo, mas como fui puxado não sei se chegaria na bola. O lance foi muito rápido», começa por recordar, ainda antes de voltar a jogar na liga milionária, em Anfield, frente ao Liverpool.

Um sonho para o avançado de 26 anos que começou por jogar futsal, depois de ter sido rejeitado por vários clubes no início da carreira. «Fui dispensado em muitos clubes, não sei se vou lembrar... Fiquei duas semanas no Santo André e fui mandado embora, aos 14 anos. Também tentei em Juventus-SP, São Caetano, Corinthians, no qual fui dispensado no campo. Tenho umas cinco equipas nas quais fui dispensado [risos]. Joguei futsal teoricamente até tarde para quem deseja ir ao campo, até uns 17 anos antes de ser aprovado no São Caetano na minha segunda tentativa», recorda.

No São Caetano, o jovem Fernando deu nas vistas numa Copa São Paulo e rumou ao Japão para representar o Vissel Kobe. A aventura não correu bem e, no regresso ao Brasil, ficou sem clube. «Fiquei sete meses em casa desempregado, foi difícil, mas acho que é o normal. Foi bom ter aprendido no Japão o que era o futebol profissional. Quando fiquei parado, peguei dois amigos meus e treinávamos todos os dias. Foi fundamental não ficar parado porque se largasse de vez e ficasse esperando no sofá quando a chance viesse eu ia bater e voltar. Quando surgiu o Guarani, consegui voltar ao cenário do futebol», conta.

Fernando Andrade acaba por rumar a Portugal em 2015, para representar o Oriental e depois joga ainda no Penafiel e Santa Clara antes de chegar ao Dragão. «Desde que cheguei tinha o sonho de jogar no FC Porto e quando surgiu a possibilidade não pensei duas vezes. Essa chance do Porto pegou-me totalmente de surpresa. Nunca imaginei. Sempre trabalhei muito para isso, mas se você perguntar se chega, é sonho, mas às vezes isso passa em branco. O bom é chegar estar aqui vivenciando isso, treinando todos os dias com grandes nomes num clube de topo como é o Porto», conta.

Abertas as portas do FC Porto, o avançado realizou também o sonho de jogar na Champions e até já foi determinante, no tal segundo jogo com a Roma.