3 de fevereiro de 2018, uma data que Sérgio Oliveira jamais irá esquecer. No último sábado, o médio de 25 anos estreou-se a marcar no Estádio do Dragão, na vitória do FC Porto sobre o Sporting de Braga, que valeu aos dragões o regresso à liderança da Liga.

Ora, Sérgio Oliveira demorou quase nove anos, desde a sua estreia, para marcar diante do público portista. Recorde-se que o «menino 30 milhões» - assim apelidado após a cláusula estipulada pelos dragões aquando da assinatura do contrato profissional – disputou o primeiro jogo na equipa sénior a 17 de outubro de 2009, diante do Sertanense (Taça de Portugal), pela mão de Jesualdo Ferreira.

Apesar da estreia auspiciosa – fez uma assistência para golo – o jovem natural de Paços de Brandão tardou em afirmar-se na primeira equipa dos azuis e brancos. Viveu sucessivos empréstimos a clubes como Beira-Mar, KV Mechelen, Penafiel e Paços de Ferreira, antes de conseguir agarrar um lugar no plantel do FC Porto.

No primeiro ano na Capital do Móvel, numa época conturbada dos castores, Sérgio conviveu com Henrique Calisto. Em conversa com o Maisfutebol, o técnico de 64 anos recordou as qualidades do internacional pelas seleções jovens de Portugal.

«O Sérgio é muito evoluído tecnicamente, nomeadamente no capítulo do passe curto e passe longo. É um jogador que conjuga critério no passe, boa leitura de jogo e uma capacidade de remate de meia distância extremamente efetiva. Tinha potencial para jogar no FC Porto, mas na altura tinha muitos aspetos para evoluir. Quais? Tinha de melhorar os índices de agressividade e na transição ataque-defesa/defesa-ataque. Reconheço que já melhorou, sobretudo em termos de agressividade», aponta.

A entrada de José Peseiro para o lugar de Lopetegui, no decorrer da temporada 2015/16, beneficiou Sérgio Oliveira,. Registou 14 presenças, anotando três golos todos longe do recinto portista.

Acabou a temporada a titular, algo que não teve continuidade na época seguinte, com Nuno Espírito Santo. Em janeiro, com apenas dois jogos disputados, seguiu por empréstimo para os franceses do Nantes, clube no qual encontrou Sérgio Conceição. Poucas vezes foi aposta – seis jogos – registo diferente do que vive esta época, novamente de dragão ao peito. É primeira escolha quando Conceição quer introduzir um terceiro homem no meio-campo, sobretudo em jogos teoricamente mais complicados. Dos dez jogos disputados até ao momento, sete foram na condição de titular, três deles na Liga dos Campeões e outros tantos em Clássicos.

Jogos como titular 2017/18
Mónaco-FC Porto (Liga dos Campeões)
Sporting-FC Porto (Liga)
RB Leipzig-FC Porto (Liga dos Campeões)
Besiktas-FC Porto (Liga dos Campeões)
FC Porto-Benfica (Liga)
FC Porto-Sporting (Taça da Liga)
FC Porto-Sp. Braga (Liga)




Henrique Calisto trabalhou com Sérgio Oliveira. Conhece, como poucos, os principais defeitos e virtudes do jogador do FC Porto. Portanto, o técnico sabe quais as qualidades que Sérgio possui e que o fazem ser aposta nos jogos de grau de dificuldade elevado.

«A explicação que encontro? A capacidade tática para ocupar e utilizar os espaços. Para além disso, o Sérgio revela um grande critério de passe em espaços reduzidos. Naturalmente, quem tem maior critério é mais importante», justifica.

Calisto encontrou Sérgio há quatro anos. O experiente treinador destaca «a humildade» de um miúdo que reconheceu as suas limitações e que cresceu.

«Um dos grandes problemas dos jovens formados no FC Porto, Benfica e Sporting, é a transição para o futebol profissional. Muitas vezes, durante o processo de formação, o nível competitivo é fraco, mesmo dentro dos grandes clubes. Os atletas são todos da mesma idade e quem tem maior qualidade tática e técnica sente-se num patamar superior. Quando chegam ao futebol profissional, alguns jovens pensam que não têm mais nada a aprender. O futebol de formação dá-lhes as ferramentas para crescer, mas depois em situação de competição mais exigente, pensam que sabem tudo. Por isso, muitos jogadores perdem-se. Não foi o caso do Sérgio que teve a humildade de reconhecer que há sempre margem para evoluir», referiu, antes de acrescentar que a evolução parte sempre do jogador.

«O jogador tem de ter motivação intrínseca e sentido crítico para evoluir em relação ao que é menos bom. Isso é o que os jogadores de alto nível fazem, caso contrário ninguém evoluía em patamares de alto rendimento. O crescimento depende do jogador, assumindo que tem de evoluir.»

O miúdo cresceu e até já faz golos de cabeça. Foi um dos destaques da partida diante dos bracarenses. Suficiente para agarrar um lugar na equipa? Tem a palavra um outro Sérgio, o Conceição.