O avançado do FC Porto, Moussa Marega, considerou os insultos racistas ouvidos no Estádio D. Afonso Henriques, no jogo ante o V. Guimarães, como «uma grande humilhação». O maliano falou publicamente esta segunda-feira acerca do caso, menos de 24 horas após ter abandonado o relvado.

«Foi difícil. Ontem [domingo], senti-me realmente uma m****. Foi uma grande humilhação para mim, tocou-me verdadeiramente. Mas bem, depois o jogo passou e depois de ter visto os meus filhos, todas as mensagens, isso deu-me força», afirmou Marega, em declarações ao programa ‘Team Duga’, da RMC Sport.

Marega afirmou que «nunca imaginou» que ia acontecer algo deste género, sobretudo numa casa que já representou, na época 2016/2017. «Sempre respeitei o clube e os adeptos, fiz uma boa época, marquei 14 golos, fomos à final da Taça, ficámos no quarto lugar, qualificámos o clube para a Liga Europa. Fizemos uma das melhores épocas da história do clube. Quando eu bisei pelo Porto [ndr: no jogo da primeira volta, na vitória por 3-0], não festejei. Fiquei chocado, nunca pensei que o clube tivesse esses adeptos imbecis», continuou.

O jogador, que marcou o golo da vitória por 2-1 no Minho, disse que «Sérgio Conceição teve a reação que esperava». «Fez tudo para acalmar-me, para que eu não visse um segundo cartão amarelo antes da substituição. Ele estava de acordo para que eu deixasse o campo».

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Sobre o facto de ter apontado para a cor de pele no momento do golo, Marega respondeu que «os insultos começaram bem antes, durante o aquecimento».

O internacional pela seleção do Mali desvalorizou os slogans ou fotografias que apelam a dizer não ao racismo, afirmando que isso «não serve de nada» se não existirem atos.

«Gostaríamos que os jogos parassem, que houvesse um ato forte da parte dos árbitros. Para mim, os slogans ‘Não ao Racismo’, o fazer fotografias, não serve de nada. É como comprares um maço de tabaco, ele diz ‘Fumar Mata’, mas tu continuas a fumar», comparou.

Já esta segunda-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condenou os insultos racistas a Moussa Marega e o avançado revelou o que diria, caso tivesse oportunidade de falar com ele. «Queria dizer-lhe como me senti uma m****, como tive vergonha, como me senti nesse momento, como me senti desiludido. Foi uma sensação muito desagradável. É triste que isto aconteça em 2020», rematou.

Artigo atualizado às 18h25