O segurança responsável pelas câmaras de vigilância na Assembleia Geral (AG) do FC Porto de novembro de 2023 admitiu no julgamento da Operação Pretoriano, esta segunda-feira, ter impedido involuntariamente o visionamento de altercações na Dragão Arena.
Rui Martins, vigilante de uma empresa privada que prestava serviços ao FC Porto, justificou que estava a operacionalizar cerca de 90 câmaras quando foi confrontado pelo desvio de uma delas assim que se deu o conflito na bancada norte do pavilhão.
«Não me recordo ter mexido em nenhuma das câmaras, posso ter tocado no teclado sem querer», disse, no Tribunal de São João Novo, no Porto.
«Inicialmente, estava um colega meu na sala das câmaras comigo, mas havia muita gente no P1 [entrada do Estádio do Dragão] e ele saiu», revelou ainda o segurança, que também explicou que era o responsável por manipular muitas das câmaras e direcioná-las especificamente a ajuntamentos e potenciais focos de tensão.
Também nesta 10.ª sessão do julgamento, Miguel Marques, sócio do FC Porto, contou que foi intimidado no interior do pavilhão por um grupo de «seis ou sete pessoas», quando filmava com o telemóvel os desacatos da AG, tendo sido obrigado a apagar o registo.
A filmagem, no entanto, acabou por permanecer na reserva do telemóvel, e o FC Porto, assistente no processo, a requereu a sua junção. A presidente do coletivo de juízes, Ana Dias Costa, acedeu ao pedido e concedeu três dias para que as defesas dos arguidos possam analisar o conteúdo do vídeo e exercer o direito a contraditório.
Já a funcionária que geria o processo de credenciação e uma hospedeira responsável pela entrega de pulseiras de entrada na reunião magna relataram irregularidades no procedimento.
Refira-se que o julgamento foi retomado esta segunda-feira, após três semanas de interregno, por baixa médica de um dos três juízes que compõe o coletivo.