Paulo Futre recordou, esta quinta-feira, a par de Juary e de Madjer, por videoconferência, as memórias da passagem pelo FC Porto e acredita que, hoje, Lionel Messi não faria um golo como o calcanhar de Madjer em 1987, na final da Taça dos Campeões Europeus, com o seu pior pé.

«Estamos a falar de um artista único», começou por dizer Futre, que representou o FC Porto entre 1984 e 1987 como jogador. «O Messi, hoje, não acredito que faça isto [golo de calcanhar] com o pé direito», comparou Futre, que considerou Madjer o «jogador mais completo» que conheceu na carreira, a seguir a Maradona.

«Claro, Maradona é Deus, mas o jogador mais completo com quem joguei é Madjer. O mais completo, Madjer. Tinha tudo: pé direito, pé esquerdo, cabeça», considerou Futre, frisando que o argelino e Juary fizeram de si «muito melhor jogador» e lembrando, ainda, as primeiras impressões que teve do magrebino quando o viu a treinar nos azuis e brancos.

«Com Juary, competia a nível de velocidade. Com Madjer, tecnicamente. Como não havia treinos à tarde, tentava fazer o que eles faziam nos treinos. O Madjer era um Deus do futebol. O Madjer vinha de uma equipa fraca [Racing Paris], não era muito conhecido, ninguém conhecia o Madjer. É mais um, não é? Mas no primeiro treino, em cinco minutos, eu fiquei paralisado. Que é isto? De onde saiu este homem? Extraterrestre. Ganha aquele balneário recheado de craques em cinco minutos. Estávamos todos paralisados a olhar para o Madjer», elogiou Futre.

Por outro lado, Madjer foi categórico e afirmou que Futre é, para si, «o melhor jogador de Portugal» que já viu jogar.

Futre falou ainda de um episódio vivido num aeroporto no Qatar, em Doha, quando viu várias pessoas em torno de Madjer a prestarem-lhe uma homenagem e respeito.

«Um dia coincidimos no aeroporto de Doha. O que eu vi naquele aeroporto… fiquei paralisado. Tudo de volta dele [Madjer], é outra cultura, outra religião. O que vi, foi fora do normal. Não é um autógrafo, é tudo em volta dele, o respeito, de joelhos», recordou.

Na mesma conversa, Futre explicou a alcunha de «malinha» dada a Juary e Madjer recordou o «medo» do guarda-redes Mlynarczyk, antes da final de Viena, ante o Bayern Munique.