Sérgio Conceição tornou-se o treinador com mais vitórias no banco do FC Porto e o recorde chegou no jogo em que atingiu os 300 jogos no clube. O triunfo sobre o Arouca para a Taça de Portugal abre caminho a que Conceição se isole lá no topo ainda nesta temporada, superando as 322 partidas de José Maria Pedroto.
Para já, esses 300 jogos representam mais um marco para um treinador que já tem um lugar de honra na história do clube. Tem literalmente um lugar, porque já há uma estátua e um espaço no museu dedicados ao homem que está a viver a sexta temporada no Dragão e venceu oito títulos: três Ligas, duas Taças de Portugal e três Supertaças. O número de troféus ganhos iguala outro recorde, aqui a par com Artur Jorge. O «Rei» Artur, o terceiro de sempre com mais jogos em duas passagens pelo banco dos dragões, tem no palmarés uma Taça dos Campeões Europeus, além de três campeonatos nacionais, três Supertaças e uma Taça de Portugal.
Conceição somou na partida com o Arouca a 216ª vitória no banco do FC Porto, superando assim o total do até aqui recordista Pedroto. Tem uma percentagem de 72 por cento de vitórias, o que o coloca no «top 5» de treinadores portistas nesse registo, atrás de André Villas-Boas (84.5), Dorival Yustrich (77.2), Artur Jorge (73.3) e António Oliveira (71.1) e à frente, por exemplo, de José Mourinho, que tem 71.6.
Quanto ao número de troféus, Conceição também tem em breve a oportunidade de se isolar na frente. No final deste mês o FC Porto joga a Final Four da Taça da Liga, começando por defrontar o Ac. Viseu de Jorge Costa, em busca do único título que clube e treinador nunca venceram em Portugal.
A longevidade de Sérgio Conceição é rara e caso singular no futebol português. No FC Porto é apenas superado pelos 322 jogos de José Maria Pedroto e se alargarmos o olhar aos três «grandes» só há um treinador com mais jogos pelo mesmo clube: Jorge Jesus, que somou 404 partidas nas duas passagens pelo Benfica.
Entre os históricos do futebol nacional, os clubes com mais presenças na Liga, também são poucos os casos de treinadores que superaram os 300 jogos pelo mesmo clube. Um deles é José Mota, que atingiu os 302 jogos nesta mais recente e curta passagem pelo Paços Ferreira. Depois há Jaime Pacheco, que chegou aos 359 jogos no Boavista, Carlos Brito, com 364 no Rio Ave, ou ainda Paco Fortes, nome incontornável do Farense, com 339 jogos pelo clube.
Já passaram por ele uma dezena de treinadores na Luz e em Alvalade
Desde que Conceição chegou ao Dragão, em junho de 2017, já passaram pelos bancos de Benfica e Sporting duas mãos cheias de treinadores. Na Luz estiveram Rui Vitória, Bruno Lage, Jorge Jesus, Nélson Veríssimo - em duas passagens -, e agora Roger Schmidt. O Sporting teve Jorge Jesus, José Peseiro, Marcel Keizer e Silas antes de Rúben Amorim, sem contar com os interinos Tiago Fernandes ou Leonel Pontes.
Também muito mudou no Dragão. Em relação a 2017/18, quando Conceição chegou, o único jogador que permanece desde então no clube é Otávio. Marcano, Galeno e Bruno Costa, que estavam nessa primeira temporada, continuam no Dragão, mas todos passaram por saídas temporárias antes de regressarem. Sérgio Conceição já orientou 88 jogadores, sendo Otávio o mais utilizado pelo treinador, com 226 jogos. O segundo é Corona, com 210, seguido de Marega, com 178.
Sérgio Conceição tinha um passado de FC Porto antes de assumir o clube. 89 jogos de dragão ao peito em três épocas divididas por dois períodos diferentes, campeão nacional em todas elas. Como treinador, personifica como poucos a identidade portista. Hoje, o FC Porto confunde-se com o técnico que chegou quando o clube atravessava um período de jejum que coincidia com a ascensão do Benfica, então tetracampeão. Estava com problemas financeiros, sob alçada do fair play financeiro da UEFA, o que condicionou o percurso ao longo de todos estes anos, com saídas de elementos importantes e pouca capacidade para contratar reforços. Conceição foi gerindo o contexto, adaptando a equipa e construindo um FC Porto à sua imagem: determinado, frontal, às vezes excessivo e intempestivo. Ganhou, perdeu. Passou por momentos altos, por momentos baixos, por muita tensão, por lágrimas de tristeza e também de felicidade.
O Maisfutebol escolheu dez destes 300 jogos de Sérgio Conceição pelo FC Porto, para sintetizar um percurso cada vez mais ímpar. Com muitos desafios ainda pela frente para o treinador que já assinou três renovações de contrato, tem vínculo com o clube até junho de 2024 e está a meio de uma época novamente desafiante, de altos e baixos e com muito em jogo.
A «primeira batalha»
FC Porto-Estoril, 4-0
9 agosto 2017
1ª jornada da Liga
Tinham passado dois meses desde a apresentação de Sérgio Conceição, que voltava para assumir o banco treze anos depois de deixar o clube como jogador. A sucessão de Nuno Espírito Santo tinha-se arrastado. Falou-se em vários nomes, Pinto da Costa disse que só não contactara mais cedo Conceição porque achava que ele não iria deixar o Nantes. Mas tudo se acertou e à chegada o treinador disse logo ao que vinha. Com um discurso confiante, a garantir «raça» mas também «inteligência a ler o jogo» e competência técnica, apesar da sua relativamente curta experiência como treinador. «Não vim aqui para aprender, vim para ensinar.» Também deixou a promessa de vitórias, primeiro na declaração inicial, quando recordou os pais já falecidos e disse que estariam felizes naquele momento, mas ficariam ainda mais em maio. E depois quando rejeitou pressão adicional para tentar contrariar um eventual pentacampeonato do Benfica: «Não vai acontecer. Isso vai coincidir com o nosso campeonato.» No defeso, o FC Porto viu sair muitos nomes, entre eles promessas como André Silva e Rúben Neves, e pôs travão nas entradas, enquanto Conceição recuperava jogadores que tinham estado cedidos, como Aboubakar, Marega ou Ricardo Pereira. A equipa embalou para uma pré-época que prometeu muito e alimentou expectativas que foram confirmadas ao primeiro jogo oficial da temporada, no arranque da Liga 2017/18. Com casa cheia no Dragão, o FC Porto entrou em força na «primeira de muitas batalhas para ganhar», como disse o treinador na antevisão. E bateu categoricamente o Estoril de Pedro Emanuel, uma vitória por 4-0 lançada com um bis de Marega. No final, Conceição deixou outra promessa: «Agradeço este mar azul que conseguimos criar. Este apoio passa para a equipa, os jogadores sentem isso. Posso prometer uma coisa: até podemos empatar um jogo, mas a paixão dos jogadores será sempre a mesma, nunca haverá passividade.»
Um grito e um título, de clássico para clássico
Benfica-FC Porto, 0-1
15 abril 2018
30ª jornada da Liga
O campeonato virou na Luz, em cima dos 90 minutos, num guião perfeito para o FC Porto. O golo foi de Herrera, que tinha ficado marcado pela negativa no clássico da época anterior. Agora, a vantagem de um ponto com que o Benfica entrou em campo tinha sido anulada. Com quatro jornadas por disputar, o FC Porto saía na frente e entrava em definitivo na rota do título. Foi um campeonato disputado como poucos, no qual o FC Porto começou por embalar com sete vitórias consecutivas a abrir, até ao nulo em Alvalade que Conceição aproveitou para passar uma mensagem de força. «Vamos ser campeões!», gritou para que o ouvissem na roda com os jogadores no final, o momento icónico que criou logo nessa primeira época. Também não conseguiu vencer o Benfica no Dragão e o campeonato desenrolou-se aberto. E tenso, com a personalidade frontal e intempestuosa de Conceição a vir ao de cima, por exemplo, na polémica com Rui Vitória, quando comparou o treinador do Benfica a um boneco, antes de se retratar. Em campo, o treinador assumia decisões pouco consensuais, como a troca na baliza, dando em boa parte da época a titularidade a José Sá na Liga, para deixar Casillas no banco. A vitória no clássico sobre o Sporting à 25ª jornada parecia ter lançado de vez o FC Porto para o título, com os leões a sete pontos e o Benfica a cinco, mas os desaires que se seguiram frente a Paços Ferreira e Belenenses relançaram o campeonato e transformaram o clássico com o Benfica, a cinco jornadas do fim, no jogo do título. Depois da resposta de campeão na Luz, o FC Porto fez a festa à 32ª jornada, na Madeira, com caminho aberto pela derrota do Benfica na véspera, frente ao Tondela. Um golo solitário de Marega tornou realidade a profecia de Conceição. O penta do Benfica não aconteceu porque o campeão foi o FC Porto.
A reviravolta da águia no Dragão
FC Porto-Benfica, 1-2
2 março 2019
24ª jornada da Liga
O FC Porto chegou a liderar a Liga 2018/19 com sete pontos de vantagem sobre o Benfica, à 15ª jornada. O nulo frente ao Sporting, o primeiro de três empates em cinco rondas, desperdiçou esse ascendente. E depois um Benfica renascido, com Bruno Lage no banco, foi recuperando. Quando chegou o clássico da 24ª jornada, já era apenas de um ponto a diferença entre ambos. O FC Porto tentou responder dentro e fora de campo, dando um sinal de confiança a Sérgio Conceição, com uma renovação surpresa na véspera da receção ao Benfica. Era a segunda vez que o treinador prolongava contrato: em maio de 2018 tinha renovado até 2020, agora estendia por mais um ano. Mas foi em campo que tudo se decidiu, com uma demonstração de força da jovem equipa do Benfica que arrumou o dragão. Adrian Lopez colocou o FC Porto em vantagem, mas depois João Félix, numa noite memorável, igualou, antes de Rafa consumar a reviravolta e o triunfo por 2-1. O Benfica vencia no Dragão pela primeira vez em quase cinco anos, somava dois triunfos no clássico com o rival pela primeira vez em década e meia e voltava a casa na frente do campeonato.
«Agarro nas malas...»
Rio Ave-FC Porto, 2-2
26 abril 2019
31ª jornada da Liga
A derrota no clássico com o Benfica foi o momento mais marcante da época 2018/19 para o FC Porto. Mas não era o fim da Liga. Logo na ronda seguinte, o empate do Benfica frente à B SAD voltou a deixar tudo igual. Assim se mantiveram por mais cinco rondas, sem que ninguém cedesse. Até à 31ª jornada. O FC Porto, que chegara aos quartos de final da Liga dos Campeões, para ser de novo eliminado pelo Liverpool, agora com uma pesada derrota em casa por 1-4, ficou definitivamente para trás em Vila do Conde. Não foi apenas o resultado, foi a forma como os dragões não conseguiram gerir uma vantagem de dois golos que deu o sinal definitivo. A luta pelo título estava perdida, a onda do Benfica embalava, reforçada com a vitória no dia seguinte em Braga. Foi uma noite longa para o FC Porto, com protestos dos adeptos à saída do estádio. Na sala de imprensa, Conceição assumia a responsabilidade: «Assobios? Agarro nas malas e vou-me embora.» Depois enfrentou os adeptos no exterior do estádio e disse-lhes isso mesmo. O FC Porto não ganhou a Liga e no final da época também perdeu a Taça de Portugal. De novo nos penáltis, de novo frente ao Sporting, como já tinha acontecido nessa época na decisão da Taça da Liga. Num momento particularmente emotivo, Conceição não conseguiu esconder as lágrimas no Jamor.
A terceira final perdida
Sp. Braga-FC Porto, 1-0
25 janeiro 2020
Final da Taça da Liga
Sérgio Conceição ficou e com muito trabalho pela frente, num defeso de mudanças profundas e com uma razia de saídas, desde logo de jogadores como Brahimi e Herrera, em fim de contrato, mas também Éder Militão, Felipe ou Oliver Torres. A época começou mal. Derrota com o Gil Vicente na Liga, eliminação frente ao Krasnodar no acesso à Liga dos Campeões. Foi uma primeira metade de temporada de alta tensão e nervos à flor da pele, com momentos críticos como aconteceu após o empate na Madeira em outubro, em que Conceição respondeu intempestivamente às críticas dos adeptos. O ponto mais baixo chegou no início de 2020. No espaço de uma semana, duas derrotas com o Sp. Braga então de Rúben Amorim deixaram o FC Porto a sete pontos do líder Benfica, no dobrar da primeira volta, e representaram mais uma final perdida, a terceira para Sérgio Conceição. Um golo de Ricardo Horta decidiu a Taça da Liga a favor do Sp. Braga. No final, Conceição pôs o lugar à disposição e recebeu em troca um voto de confiança do presidente portista.
E por fim a dobradinha
Benfica-FC Porto, 1-2
1 agosto 2020
Final da Taça de Portugal
Tudo mudou na segunda metade da época 2019/20. Começou a mudar a 8 de fevereiro, no confronto direto com o Benfica. A vitória por 3-2 no Dragão deixou os azuis e brancos a quatro pontos da liderança e abriu caminho à reviravolta. Um ano depois, as posições inverteram-se. O Benfica de Bruno Lage vacilou, o FC Porto de Conceição aproveitou. Já era líder quando chegou a paragem imposta pela pandemia e foi mesmo campeão no fim da Liga mais longa de sempre, garantindo o título em pleno clássico com o Sporting, a duas jornadas do fim. Mas não foi só isso. O FC Porto de Conceição conseguiria a dobradinha. Em Coimbra, um estádio sem público acolheu FC Porto e Benfica para a final da Taça de Portugal. E os dragões venceram, finalmente, após um jogo intenso, que o treinador acabou a ver da bancada, depois de ter sido expulso. Nove anos depois, o clube voltava a vencer a prova rainha, uma conquista que o FC Porto e Conceição perseguiam há muito. Foi uma vitória muito emotiva para o treinador, que no final deixou correr as lágrimas, desta vez de felicidade.
Turim, a grande noite europeia
Juventus-FC Porto, 3-2 ap
9 março 2021
2ª mão oitavos de final Liga dos Campeões
Duas derrotas nas seis primeiras jornadas, mais o empate em Alvalade, atrasaram em definitivo o FC Porto na Liga, numa época em que o Sporting de Rúben Amorim não deu hipótese e se tornaria campeão nacional 19 anos depois. No FC Porto, o momento mais alto da época foi europeu. Os dragões já tinham atingido os quartos de final da Liga dos Campeões na época anterior, mas desta vez chegaram lá em estilo, deixando pelo caminho a Juventus, então de Cristiano Ronaldo, numa eliminatória memorável. A vitória por 2-1 na primeira mão no Dragão apontou o caminho para uma decisão épica em Turim. Uma derrota a saber a vitória que se jogou, coincidência histórica, exatamente 17 anos depois da vitória em Old Trafford que lançou o FC Porto de Mourinho para a conquista do troféu em 2003/04. Uma grande primeira parte e um penálti convertido por Sérgio Oliveira embalaram o FC Porto, que se viu reduzido a dez por expulsão de Taremi mas conseguiu aguentar a reação da Juventus. O jogo foi a prolongamento e novo golo de Sérgio Oliveira colocou de vez o FC Porto na frente da eliminatória, a aguentar a pressão da Juve até final. Rabiot ainda reduziu, mas a festa foi azul e branca. O abraço no relvado entre Conceição e Pinto da Costa dizia tudo sobre a emoção do momento. Nos quartos de final, que se jogaram em Sevilha ainda no meio das restrições covid, o FC Porto caiu frente ao futuro campeão Chelsea. Depois da derrota por 2-0 na primeira mão, a vitória por 1-0 na segunda não foi suficiente. O FC Porto de Conceição atingiu nessa época a sua maior dimensão europeia. Num clube que já neste século venceu três competições da UEFA, a fasquia é muito alta. Conceição ainda não chegou perto das conquistas de Mourinho ou Villas-Boas, mas a sua longevidade no Dragão está a consolidar também o seu estatuto no palco europeu e já é o treinador portista com mais jogos e mais vitórias na Champions.
O clássico dos duros
FC Porto-Sporting, 2-2
11 fevereiro 2022
22ª jornada da Liga
A época de todos os recordes começou com Sérgio Conceição a renovar contrato, prolongando o vínculo até 2024, num defeso em que se voltara a falar de uma eventual saída. Na Liga, o dragão nem começou bem. Mas depois dos empates com Marítimo, à terceira jornada, e Sporting, à sexta, os azuis e brancos embalaram para um campeonato memorável. Mais uma demonstração da capacidade de luta e reinvenção do FC Porto de Conceição, que viu sair em janeiro Luis Díaz, até então o melhor jogador da Liga, cerrou os dentes, tirou partido como nunca do potencial da formação, potenciando talentos como Vitinha ou Fábio Vieira, e foi superando obstáculos. Mesmo com momentos de tensão, entre todos o clássico com o Sporting à 22ª jornada. As duas equipas tinham andado mano a mano até ao início do ano, quando o FC Porto descolou, depois de um deslize do Sporting e de uma reviravolta em estilo frente ao Estoril. Quando chegou o clássico, a vantagem portista era de seis pontos e o leão tinha ali a última oportunidade de reentrar na corrida. O contexto e uma rivalidade reanimada com o crescimento do Sporting de Rúben Amorim conduziram a um jogo duro e que terminou em enorme confusão, das bancadas ao relvado, a fazer lembrar outros palcos e outros tempos no futebol português. Entre um e outro jogo com os leões, o FC Porto somou 16 vitórias consecutivas na Liga. O empate no clássico manteve distâncias, já com o Benfica muito longe e o Sporting a seis pontos. O FC Porto não voltou a vacilar e foi somando pontos, até fixar um novo recorde histórico de invencibilidade na Liga, numa série de 58 jogos sem derrotas que terminou em Braga à 31ª jornada, quando a confirmação do título já era apenas uma questão de tempo.
Campeão na Luz
Benfica-FC Porto, 0-1
7 maio 2022
33ª jornada da Liga
O Sporting não vacilou até final e foi adiando a festa portista. Mas ela acabou por acontecer da forma mais saborosa para os adeptos azuis e brancos: em pleno Estádio da Luz, à penúltima jornada. Um golo de Zaidu já nos descontos decidiu o clássico e fez do FC Porto campeão. Conceição tinha procurado afastar comparações, não queria ouvir falar em apagar a Luz, mas o FC Porto voltava mesmo a celebrar a conquista matemática do título em casa do rival pela segunda vez, depois de o ter conseguido em 2011. Era o terceiro título de Sérgio Conceição, este com um novo recorde de 91 pontos somados na Liga. Por esta altura, o treinador já tinha direito a um espaço só seu no museu do clube, inaugurado em dezembro de 2021. Mas a época não terminou sem mais um troféu para o museu. A 22 de maio, a vitória sobre o Tondela no Jamor deu nova Taça de Portugal ao FC Porto. Conceição era o primeiro treinador da história do clube a conseguir por duas vezes a dobradinha.
Dos 300 anos aos 300 jogos
FC Porto-Arouca, 4-0
11 janeiro 2022
Oitavos de final da Taça de Portugal
Vitinha, Fábio Vieira, Mbemba, Sérgio Oliveira, Francisco Conceição. Todos deixaram o Dragão no defeso e Sérgio Conceição voltou a ter de reinventar soluções. A época começou com mais um troféu. Com a vitória na Supertaça, frente ao Tondela, Conceição somava o oitavo título no FC Porto e igualava Artur Jorge com o melhor registo de um treinador no clube. Na Liga, apesar da vitória sobre o Sporting à terceira jornada, o Dragão dava sinais de irregularidade, confirmados na ronda seguinte, com aquela que foi a pior e também «mais pesada» derrota de Conceição na Liga: 1-3 frente ao Rio Ave. Duas semanas mais tarde, o Club Brugge vencia no Dragão por 4-0, uma goleada que representava a segunda derrota portista na Champions em outros tantos jogos. À saída do estádio, o carro que conduzia a família do treinador foi atacado. Um mês mais tarde, depois de o FC Porto ir à Bélgica vencer pelos mesmos 4-0, consolidando uma recuperação que garantiu o primeiro lugar do grupo na Champions, Conceição foi claro sobre o que significou para ele aquele ataque aos que lhe são mais próximos: «Jamais esquecerei o que aconteceu à minha família, nem que vivesse 300 anos.» Na época em que Conceição soma recordes, as exibições do FC Porto têm sido particularmente irregulares, uma inconstância assumida pelo treinador na véspera de defrontar o Arouca para a Taça e depois do empate frente ao Casa Pia que elevou para 12 os pontos perdidos pelo FC Porto na Liga em 15 jornadas, mais do que em toda a época passada. «Têm acontecido coisas este ano que não são muito normais», disse o treinador. Mas o FC Porto e Conceição continuam na luta, como sempre. O jogo 300 chegou com uma goleada que mantém a equipa na luta por todas as competições da época.