O Varzim – FC Porto da terceira eliminatória da Taça de Portugal, no próximo sábado, é um jogo de reencontros. André André está de volta, agora de dragão ao peito, ao clube onde começou a dar os primeiros toques na bola (um regresso às origens semelhante ao do treinador adjunto Rui Barros).

Do outro lado, além de Kadu, guarda-redes cedido pelo FC Porto, poderá surgir na frente de ataque Bruno Moraes.
Aos 31 anos, o ponta-de-lança brasileiro, que há uma dúzia de anos chegou ao Dragão desde o Santos a pedido de José Mourinho, está a tentar ganhar espaço na II Liga e reconhece que no próximo sábado terá «um jogo especial, que motiva qualquer um»: «A ansiedade desta semana traz mais vontade de trabalhar e mais concentração. Sou ponta-de-lança e, apesar da amizade que mantenho com ele, já só penso em fazer um golo ao Helton.»

O veterano guarda-redes brasileiro é o único jogador que resta dos plantéis portistas que Bruno Moraes integrou e deve regressar à baliza portista para render Casillas.

Bruno Moraes ainda não fez um jogo completo nem ainda marcou pelo Varzim nesta época. A sua carreira tem sido pontuada por azares desde que aos 19 anos se sagrou campeão europeu com o FC Porto, logo na época de estreia na Europa.
 
Jogos mágicos contra os ídolos da televisão
«Cheguei em 2003 e em dezembro desse ano estreei-me na Liga dos Campeões frente ao Real Madrid. Entrei nos minutos finais para defrontar uma equipa que do outro lado tinha Ronaldo, Roberto Carlos, Zidane, Figo, Beckham… Meses antes, só via aquela gente pela televisão», recorda Bruno Moraes ao MF Total, que «naqueles jogos mágicos» defrontou também nos quartos-de-final o Manchester United, de Giggs, Scholes, Roy Keane e do jovem Cristiano Ronaldo.

Ao título português e europeu, logo na primeira época de azul e branco, seguiu-se uma boa temporada do Vitória de Setúbal (2004/05), mas o pior veio depois.

«Lesionei-me pela primeira vez ainda ao serviço do Vitória, quando já estava a preparar o meu regresso ao FC Porto. Fiz uma rotura de ligamentos e estive parado mais do que uma época parado. Acabei por voltar, fiz um golo que me marcou contra o Benfica (3-2, num clássico que acabou por ser decisivo para a atribuição do título de 2006/07), mas em 2009, voltei a lesionar-me com gravidade, de novo nos ligamentos. Estive mais oito meses parado», recorda Bruno Moraes, reconhecendo que os azares o impediram de chegar mais longe na carreira e que ainda hoje lhe condicionam o dia-a-dia: «Depois de cada treino tenho de fazer mais trabalho de ginásio e de descansar mais do que um jogador normal.»

«Aboubakar superou a pressão de substituir Jackson»
Nada que concione a vontade em trabalhar para agarrar as poucas oportunidades que tem tido. De preferência já no jogo deste sábado frente ao FC Porto. Uma equipa que prefere não comparar com os antigos plantéis portistas. Ainda assim, Bruno Moraes deixa uma ideia clara sobre o adversário da Taça: ao contrário do que diz muita gente, este ano Lopetegui tem um grupo mais forte.

«Não sei a equipa que vai jogar, mas há uma coisa de que tenho a certeza: o FC Porto está mais forte do que o da época passada. É uma equipa com mais vigor físico», salienta o avançado brasileiro, detalhando: «O Maicon, com quem tenho uma relação próxima por viver perto de mim (em Vila Nova de Gaia), está a assumir-se como um dos líderes da equipa, acho que vai fazer uma grande época. Além disso, a entrada de alguns jogadores foi muito importante; como o André André, que trouxe muita garra ao meio-campo, e destaco a afirmação do Aboubakar: tem muita qualidade, não só a finalizar como a fazer jogar a equipa. Ele foi entrando aos poucos na época passada e havia alguma desconfiança de que pudesse substituir o Jackson. Há sempre essa pressão sobre um grande ponta-de-lança. Sei o que isso é. Mas isso só valoriza a forma como ele se impôs no FC Porto.»