José Mourinho e Pinto da Costa. Dois nomes grandes do futebol fazem parte do discurso de Bruno Moraes. Ambos foram responsáveis pela sua vinda para Portugal, em 2003. Trocou o Santos, onde brilhava Robinho, seu companheiro desde criança, nos tempos da equipa de futsal do Portuário, pelo FC Porto que viria a conquistar a Liga dos Campeões, depois de vencer a Taça UEFA.

Bruno chegou com 19 anos no meio desse período áureo. Estranhou um episódio, logo nos primeiros dias de FC Porto.

«Tive um jantar atípico com o presidente Pinto da Costa num restaurante em Gaia. A todo o momento havia pessoas a abordarem-no à mesa para pedir-lhe autógrafos. Não paravam de aparecer. Alguns também me pediam a mim, assim que percebiam que ia representar o clube.  Mal coloquei o pé no Porto tive noção da importância dele, mas estranhei aquilo. No Brasil, os presidentes dos clubes não têm essa projeção. Só o futebolista dá autógrafos», recorda Bruno Moraes, que do FC Porto guarda a mágoa de a direção lhe ter bloqueado o regresso a um grande clube brasileiro: «Tive uma proposta do Flamengo e era um desafio que eu queria muito aceitar, mas o FC Porto não me quis ceder com a justificação de que queria ter-me por perto. No entanto, não quis voltar a ser emprestado ao Vitória de Setúbal e aí complicou… Fiquei uma época sem jogar. Mas hoje mantenho boa relação com o presidente e com o Antero (diretor-geral da SAD do FC Porto).»

A relação com Mourinho já não é tão próxima, mas a admiração permanece.

«Foi o treinador que mais me marcou, pela capacidade de motivar qualquer jogador do plantel. Houve um jogo da Taça, frente ao Rio Ave, em que ele conversou comigo e com o Carlos Alberto, que éramos suplentes, para nos dizer que tinha muita sorte de contar connosco e que ia ser difícil segurar-nos da cobiça dos grandes clubes europeus. Ora, isso era tudo o que um jovem futebolista acabado de sair do Brasil queria ouvir…», conta Bruno Moraes, que lembra Mourinho ainda pela… humildade, uma característica que poucos lhe reconhecem.

«Assim que cheguei a Portugal, recordo de uma longa conversa que tive com ele num café à porta do Estádio do Vitória de Setúbal. Ele levantou-se para servir os cafés, falou que tinha muita fé em mim… pareceu-me a pessoa mais simples do mundo. Curiosamente, no ano seguinte, estava de regresso àquele local para representar o Vitória, emprestado pelo FC Porto», conclui.