Num artigo de opinião publicado no Daily Telegraph, o presidente da FA, Lord Triesman, admitiu ser «cedo para avaliar o impacto global da propriedade dos clubes estar em mãos estrangeiras, mas olhando para o actual estado de coisas é difícil evitar a necessidade de explorar novos regulamentos. Falando a título pessoal, não estou certo de que o sistema vigente seja adequado», sustentou o dirigente, em resposta ao apelo do Secretário da Cultura, Andy Burnham, que pressionou a Federação no sentido de «tomar medidas» quanto ao problema.
O debate, que já vem de épocas anteriores, recuperou actualidade com a recente passagem de controlo do Manchester City, vendido há duas semanas pelo milionário tailandês Thaksin Shinawatra a um fundo de investidores com sede em Abu Dhabi, o United Group for Development and Investment (ADUG), por 265 milhões de euros.
Tal como o City, também Chelsea, Manchester United e Liverpool pertencem a milionários estrangeiros, uma situação que tem preocupado as autoridades políticas e desportivas, por receio de que os interesses do futebol não sejam acautelados. A Premier League sujeita os candidatos a donos de clubes a um inquérito pessoal, destinado a filtrar a presença de dirigentes com registo criminal, mas o sistema tem sido considerado ineficaz por quase todos os intervenientes no processo, a começar pelas autoridades políticas: «Não é errado que as pessoas procurem lucrar com o futebol, mas isso deve ser feito de uma forma que defenda os interesses do desporto», defendeu na última quarta-feira o secretário da Cultura, Andy Burnham, numa posição agora secundada pelo presidente da Federação.