As dívidas que impediram o Felgueiras de competir na Liga de Honra dividiam-se em dois lotes, de um lado as dívidas fiscais, do outro as dívidas a antigos treinadores e jogadores reclamadas desde 1999. As primeiras impediam a inscrição do clube na Liga de Honra, as últimas impediam a inscrição dos jogadores na Liga. Diz o presidente Miguel Ribeiro que cerca de 21 mil euros fizeram com que o clube fosse despromovido.
As dívidas a antigos treinadores e jogadores ascendiam a 332 mil euros. O presidente garantiu o pagamento de metade e a outra metade seria paga através de um empresário da cidade. A inibição de inscrever jogadores na Liga ficava assim levantada. Os 56 mil euros à Segurança Social já estavam liquidados, faltava por isso pagar 244 mil euros ao Fisco, que permitiria levantar a certidão para inscrição do clube na Liga de Honra.

«Quando sexta-feira me desloquei às Finanças para fazer o pagamento fui confrontado com mais uma coima de 21 mil euros», disse o presidente. «Fizemos mais de cem telefonemas a empresários da terra para garantir esse dinheiro e fomos confrontados com respostas de gente que preferia ver o clube fechar a emprestar dinheiro. Quando assim é, não temos hipóteses». A dúvida que se coloca nesta altura é porque é que não foi o próprio presidente a emprestar esses 21 mil euros ao clube. Naquele momento não tinha disponibilidade nenhuma de colocar esse dinheiro», diz Miguel Ribeiro. «Eu já coloquei muito dinheiro no clube, tenho as minhas empresas, tenho a minha família e não podia estar a sacrificar mais a minha vida. O stock tinha terminado».
Presidente diz que o clube tem sido minado pelo antigo presidente
Por detrás de toda esta crise está um homem: Fernando Sampaio. O antigo presidente do clube, que antecedeu a actual direcção, é acusado de minar o clube. «Isto foi o trabalho feito por Fernando Sampaio. Tenho testemunhas de que esse senhor aconselhou empresários a não ajudar o clube porque diz ele que eu e a minha mulher temos muito dinheiro e podemos ajudar o clube». As dificuldades criadas pelo antigo presidente vão mesmo mais longe, diz Miguel Ribeiro. «O advogado Nuno Albuquerque, que eu fui buscar para o Felgueiras, negociou com João Gayo, advogado do Sindicato dos Jogadores, um acordo para pagar agora metade da dívida aos jogadores e em Janeiro pagar a outra metade através de créditos da Câmara Municipal que chegariam de um contrato de publicidade que íamos rubricar no início de ano», conta.
«Estava tudo em ordem quando na quinta-feira da semana passada o advogado me ligou a dizer que os jogadores queriam tudo pago a pronto e que havia mesmo jogadores desta terra que diziam preferir perder sete mil euros desde que o Felgueiras chegasse as portas». Na mudança desta atitude volta a estar o antigo presidente. «Foi o senhor Fernando Sampaio que os induziu a não aceitar este acordo», garante. «Ele vivia disto e nunca aceitou muito bem a saída. Mas eu não vivo disto, eu estou aqui por gosto. Todos os compromissos que assumi, foram cumpridos. Não há dívidas a jogadores do meu período à frente do clube. Saio aliás mais pobre do que o que cheguei. Não sou como outros, que chegaram de Fiat 127 e saem de Mercedes».