É um clube praticamente à beira do fim. Sem dinheiro, sem poder movimentar contas, com salários em atraso de quatro meses (os reforços desta época) e de nove meses (os jogadores que transitaram da época passada e a equipa técnica), o Felgueiras está num beco sem saída. O treinador ameaça demitir-se e a Direcção ameaça desistir do campeonato. Ambos referem que a situação é insustentável. O clube perdeu no último mês cinco jogadores que não puderam ser substituídos porque uma dívida à Liga proíbe a inscrição de atletas.
Na última jornada, por exemplo, Diamantino Miranda viu-se obrigado a ir para o jogo apenas com catorze atletas, três dos quais eram juniores. Domingo vai ser pior. Dos vinte e dois elementos que compõem o plantel, cinco estão lesionados e seis estão castigados. Sobram por isso onze jogadores para defrontar o Maia. Sendo que três dos jogadores do plantel são juniores e quatro ex-juniores, naquela que foi a forma encontrada para contornar a inibição de inscrever jogadores e a debandada de atletas dos últimos tempos.
Sem apoios municipais, investidores privados ou empréstimos bancários
Os problemas financeiros do Felgueiras são antigos. Em 1997 o clube recebeu da Câmara Municipal um subsídio de 1,5 milhões de euros e esse dinheiro seria o começo de muitas dificuldades. Durante 15 anos, o prazo em que a própria autarquia se disponibilizou a pagar o empréstimo junto da Caixa Geral de Depósitos, a câmara não pode dar mais subsídios ao clube. É uma imposição legal. O patrocínio das camisolas foi a forma encontrada para contornar essa imposição e poder entrar algum dinheiro municipal no clube (300 mil euros). Mesmo assim é pouco.
Entretanto, e ao mesmo tempo, os empresários locais deixaram de investir por receio de serem alvos de investigação da Polícia Judiciária na sequência do alegado saco azul de Fátima Felgueiras. O clube vive por isso de alguns patrocínios e das receitas de bilheteiras, sendo que a média de espectadores nos jogos do Felgueiras não passa dos 1500 por jogo. Uma das soluções para ultrapassar este problema seria a constituição de uma SAD, hipótese que chegou a ser levantada, mas o facto do clube não ter património - o próprio estádio é municipal - inviabilizou essa possibilidade.
Sem dinheiro, sem apoios e sem poder movimentar contas ou contrair empréstimos, com um buraco financeiro enorme, de milhões de euros, o Felgueiras pode desistir da competição na Liga de Honra se não encontrar soluções. O presidente da Comissão Administrativa, Fernando Sampaio, vai reunir em Assembleia-Geral esta semana. Se não aparecerem investidores, o clube coloca um ponto final na competição.