Bernardo Silva diz que hoje em dia ele valeria facilmente 200 milhões de euros.

Diamantino Miranda ri-se ao lembrar das viagens ao lado dele na carrinha do peixe de Manuel Bento.

António Simões lamenta que o seu sucessor perfeito tenha tido tantos azares com as lesões.

Álvaro Magalhães garante que um génio assim só aparece «de 100 em 100 anos».

Mário Zambujal admite que seria vaidoso se as pessoas se referissem a si como se referem a ele.

Todos eles grandes, todos eles rendidos ao talento único inconfundível de Fernando Chalana. Ele. O Pequeno Genial celebra 62 anos neste 10 de fevereiro e o Maisfutebol junta-se aos parabéns e ao coro de elogios com esta pequena homenagem.

Uma homenagem que nos atira de cabeça ao ano de 1984 e ao torneio onde Chalana se tornou Chalanix, o irredutível ‘patrício’, figura maior da Seleção Nacional terceira classificada no Europeu.

Evocamos Fernando Chalana, claro, e partimos também em busca do paradeiro dos restantes heróis, dos 20 nomes que puseram Portugal a sonhar durante aquele mês de junho. Leia AQUI o que é feito de cada um deles.

Há dois anos, por altura do 60º aniversário, Chalana lançou a sua biografia oficial, escrita por Luís Lapão: Chalana, a Vida de um Génio. Vale apenas recuperar alguns dos depoimentos mais marcantes sobre o homem que o Benfica descobriu no Barreiro em 1975.

Fernando Chalana jogou nas águias de 1975 a 1984 e de 1987 a 1990. Pelo meio foi vendido ao Bordéus – depois da demonstração de talento dada no Europeu – e ajudou a direção das águias a completar a construção do antigo Terceiro Anel. Depois, as terríveis lesões apareceram e roubaram-lhe os derradeiros sonhos, um dos quais se chamava Mundial86.

Parabéns, Fernando Chalana.

ANTÓNIO SIMÕES:

«Se pensarmos em todos os jogadores que passaram pelo Benfica nos últimos cinquenta anos, poucos teriam lugar naquela equipa dos anos sessenta, sobretudo do meio campo para a frente [...] Tive essa conversa com o meu querido Eusébio algumas vezes. E ambos concordámos que só havia dois jogadores capazes de integrar esse sexteto: Chalana e João Vieira Pinto.»

RUI COSTA:

«O Chalana conseguiu quebrar de forma especial uma barreira, porque sair de Portugal no tempo dele era uma coisa muitíssimo rara. Tão rara e difícil como um basquetebolista português ir para a NBA. O Chalana era o génio. Era ele quem levantava as bancadas! Às vezes, até, sem ser preciso tocar na bola! Foi o único jogador que eu conheci que fintava os adversários sem tocar na bola! Se fosse hoje, a única coisa de que podemos ter a certeza é que o Chalana seria uma estrela mundial. No futebol de hoje, lutaria pela Bola de Ouro.»

TONI:

«Há jogadores que ninguém pode ensinar. Ninguém ensinou o Messi, ninguém ensinou o Maradona, ninguém ensinou o Chalana. O Chalana era um talento puro, que trazia magia ao jogo e fantasia. Perante um jogador como ele, o treinador apenas precisa de deixar que o jogador se solte.»

NENÉ:

«O Chalana não enganava ninguém. Era um jogador que não sabia jogar mal, fruto da genialidade que tinha. Mal veio para o Benfica, muito jovem ainda, começou logo a jogar num escalão acima do da idade dele. Ninguém teve dúvidas de que se tratava de um jogador top. Era um atleta endiabrado, de uma qualidade excecional, soberbo tecnicamente e capaz de rabiar todo e qualquer jogador que lhe aparecesse à frente.»

ÁLVARO:

«Às vezes, ele só assobiava, outras fazia me sinal com a mão. Mesmo sem olhar, ele já me sentia próximo dele, já sentia os meus pitons. Eu dava lhe também um assobio e metia lhe a bola com facilidade [...] Ajudámo-nos muito um ao outro em campo. Ele era único e fazia me jogar. O passe dele era tão certinho que, depois, não custava nada dar seguimento. Para mim, foi uma alegria o regresso dele e só acho que foi uma estupidez aquele dia da final do Prater em que o Eriksson nos pôs na bancada.»

DOSSIER: o que é feito dos 20 heróis do Campeonato da Europa de 1984?